A palavra deva possui dois significados, ambos relacionados à angelologia contemporânea. No primeiro deles, devas são os semideuses do Hinduísmo e do Budismo. No segundo, devas são os seres semelhantes a Anjos da Teosofia, que foram adotados na visão do mundo pela subcultura metafísica da Nova Era contemporânea.
Devas hindu e Budista: Por volta de 1000-1500 A.C., um grupo de Indo-europeus invadiu a Índia pelas passagens nas montanhas do norte, destruiu quaisquer registros escritos que pudessem permanecer da civilização original e se estabeleceram no norte da Índia.
A visão do mundo desses invasores, que se chamavam de arianos, era bastante diferente da que mais tarde se tornou o Hinduísmo. Além de outras mudanças, os principais deuses do panteão védico foram suplantados pelos novos. No entanto, em razão da tendência do Hinduismo em impedir que as camadas anteriores mantivessem sua própria tradição, os deuses védicos foram retidos na forma de semideuses de nível inferior, referidos como devas.
Incorporados a textos mitológicos hindus, como Puranas, devas são muito mais complexos do que os anjos ocidentais.
Apesar disso, alguns devas ocasionalmente realizam tarefas de mensageiros para as deidades mais altas, tornando-os comparáveis aos anjos.
O Budismo antigo, por outro lado, manteve uma crença nas divindades mais antigas do panteão védico, mas negou sua importância para ajudar o aspirante a conseguir o objetivo fundamental do Budismo; liberação do ciclo de morte e renascimento (ou seja, terminar o processo de reencarnação). Assim, como no Hinduísmo mais adiante, os deuses védicos, os devas, vieram a desempenhar um papel no pensamento e mitologia budista comparável ao dos anjos ocidentais.
Devas da Nova Era: Parcialmente em consequência da associação de alguns devas às formas da natureza, o termo deva foi adotado na Teosofia do século XIX para indicar a classe de seres espirituais que acreditava-se estar contralando o mundo manifesto.
Os teosofistas asseguram ainda mais, que os devas do Oriente correspondem aos anjos do Ocidente, mas, possuem muito mais funções.
Em particular, os devas supervisionam as forças naturais e são responsáveis por acumular formas em planos interiores, bem como no plano físico. De acordo com essa teoria, há duas linhas distintas de evolução espiritual, uma passando da mineral, animal, humana e além; a outra indo dos espíritos de elementais, passando por fadas, para anjos (devas) e além.
Os seres na linha dévica são responsáveis por criar formas, o que permite que outros seres evoluam espiritualmente.
Nas palavras de um dos fundadores de Findhorn:
(Devas constituem) uma hierarquia inteira de seres, do gnomo mais terrestre ao arcanjo mais alto, e são uma evolução irmã dos humanos na terra. Os devas mantém o padrão e plano arquetípicos para todas as formas ao nosso redor, e eles direcionam a energia necessária para materializá-los. Os corpos físicos de minerais, vegetais, animais e humanos são toda a energia trazida para a forma por meio do trabalho do reino dévico (The Finghorn,p.58).
Na visão teosófica, tudo é basicamente espírito, e é apenas por meio da atividade dévica que o mundo físico da nossa experiência do dia a dia é criado. William Bloom, um escritor metafísico contemporâneo, explica essa visão fazendo uma analogia com a teoria atômica; todos objetos materiais são compostos de minúsculas partículas carregadas eletricamente e em movimento constante.
Bloom afirma que: "A essência dévica é a ponte entre as cargas elétricas em constante movimento para produzir a matéria que podemos ver e tocar... Sem a essência dévica, não haveria coerência para manifestar a vida; apenas um oceano de cargas elétricas desconectadas.
Toda forma é uma mistura de (uma relação entre) essência dévica e cargas elétricas atômicas". (Devas, Fairies and Angels, p.3)
Em outras palavras, os seres na existência dévica, seres de elementais a arcanjos, oferecem um padrão e uma atividade ativa e constituinte para a matéria, permitindo que diversas formas se manifestem como objetos materiais tangíveis. Esses padrões incluem tudo desde plantas e montanhas aos corpos dos animais e seres humanos. Assim, as duas linhas de evolução espiritual, de minerais para humanos e além, e de espíritos de elementos devas e além- "são interdependentes na estrutura de toda a vida manifesta. Sua relação está interligada e padronizada em um nível de criação extremamente profundo" (Bloom, p.5).
A atividade dévica ocorre ao redor de nós, sem que nosso intelecto perceba em termos de vibrações diferentes: devas normalmente são invisíveis a nós porque existem em uma taxa de vibração mais alta, imperceptível, como os sons de alta frequência de um apito de cão, que não conseguem ser escutados pelo ouvido humano.
A comunidade Findhorn no norte da Escócia tornou-se bastante conhecida na Nova Era e nos círculos metafísicos como resultado da participação de seus membros em uma experiência em que tentavam cooperar com os devas da natureza na criação de uma horta. Comunicando-se com esses espíritos de uma forma mediúnica (Espiritismo), eles afirmam receber conselhos sobre jardinagem dos devas, permitindo-lhes criar vegetais gigantescos em um ambiente que, de outra forma, não era particularmente apropriado para o cultivo.
Findhorn atraiu tanta atenção que deixou uma impressão indelével nas percepções de muitas pessoas quanto aos devas. Em particular, a ênfase nos devas da natureza fez com que muitos deixassem de lado a importância de outros tipos de devas, como aqueles que têm a função de anjos da guarda para seres humanos.
Fontes: Bloom,William.Devas, Fairies and Angels: A Modern Approach. Glastonbury, Inglaterra: Gothic Image Publications,1986.
Eliade, Mircea, ed. Encyclopedia of Religion.16 vols. Nova York: Macmillan, 1987.
Findhorn Community. The Findhorn Garden. Nova York: Harper& Row, 1975.
Zimmer, Heinrich. Philosophies of India. 1951. Reimpressão. Nova York: Macmillan, 1987.
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