sábado, 30 de novembro de 2013

A caminho...

Urgente!!!

Isso me faz lembrar de...

...quando dividíamos o óleo de banho, 
para "economizá-lo"... esfregando nossos corpos um no outro,
 para melhor espalhar o óleo...quanto tesão!

...de quando saíamos para aventuras do tipo, 
"fazer amor em meio a natureza"... e acabávamos tendo alguns habitantes da natureza a fazer-nos companhia.

...de quando tínhamos desejos e fantasias, 
e  as "colocávamos em pratica"... e como eram intensos...prazerosos, o simples fato de fantasiarmos situações entre nossas quatro paredes, 
já nos excitava e levava-nos ao êxtase.
 
...do quanto nossa afinidade e cumplicidade 
eram e ainda são recíprocos...

...do quanto nossos planos e sonhos ainda estão tão vivos...pegar uma estrada de moto é um deles!

  ...do quanto nosso tesão ainda nos faz sentir vontade de se deixar entregar a esse amor que sentimos um pelo outro, como se fosse a primeira ou última vez...

Eu poderia elencar inúmeras coisas das quais temos em comum...algo que deu, e pode vir a dar certo, mais uma vez! Mas, seria como discutir o sexo dos anjos, eu não chegaria ao fim.

Não me venha com essa história de que não quer reviver aquele amor, a emoção, de sentir nossos corações baterem forte com nossos toques carinhosos, nossa respiração ofegante, de tocar meu corpo e senti-lo tremer...entre ósculos e coitos, suor e prazer, adormecer entrelaçado um no abraço do outro... 

Não me venha com a desculpa de que não pode, por isso ou aquilo...nosso amor ainda é forte e vem superando N obstáculos, distância, equívocos, intrigas, mentiras, dessabores...

Não me diga que a minima possibilidade de ter-me em teus braços, nua, quente, entregue a teus desejos e vontades, que teu corpo não treme de desejo, que tuas mãos não gelam, e que tua libido o entrega...

Tenho certeza que assim como eu, você quer delirar de prazer em meus braços, sentir meu corpo ardendo de tesão por ter suas mãos grandes e quentes a percorrer meu corpo e me fazer gozar de prazer.

Tenho certeza que quer ter minha boca quente, a percorrer teu corpo em todas as partes possíveis e repetir loucuras que só nós dois fazíamos...sem pudor, sem medo, sem pressa!

Tenho certeza como a luz que nos ilumina a cada amanhecer, que quer colocar-me em teu colo, acariciar minha pele, sentir meu cheiro, lamber-me da cabeça aos pés, saciando sua vontade de mim que, 
a tanto tempo espera poder fazer...

Então, que seja agora, que seja logo, que seja amanhã!

Deixa acontecer...
Deixar rolar...
Deixa te amar...
Vem me amar...

Porque???

Porque te amo...
Porque te quero...
Porque te desejo...
Porque me ama...

Porque só você faz meu corpo estremecer...
Porque só em teus braços, 
só com você entre minhas pernas, 
em cima de mim, de lado, em baixo, em qualquer posição,
é que consigo, me realizo e sou Mulher...

Tua Mulher!!!

Tb acho...

Sempre me lembro de ti...

Queria descalçar a pedra do meu sapato
Caminhar e levar comigo a dor nesta procura
Onde deitar a pedra que me segue e da qual nunca me farto
Correr ou caminhar com ela nesta aventura

Queria amaciar a triste sensação, a cada dia, a cada ano
Caminhar na ferida que me provoca
Pedra perfurante num coração que engano
Pedra que não me deixa falar e me prende a boca

Violenta é a voz granítica, pó que me sufoca
Caminho na vontade, nesta solta pedra que me fere
Cego por não conseguir dar sumiço… Ela é louca

Pedra fria que me leva… E o amor que espere
Que espere o caminho da saudade, nesta voz rouca
Que grita à pedra no meu sapato… É a ti que meu coração quer



By José Alberto Sá

In:

Acordo e levanto-me contigo...

Acordo… Olho a luz e lá estás
Juro…
Juro que lá estás, no mais belo raio de sol
Acordo… E da janela te sinto
Te sinto na minha paz
Juro…
Juro que lá estás…
Na melodia de um canto de rouxinol
Levanto-me… Digo bom dia
E para minha alegria
Tu me respondes… Juro
Juro…
Que entre eu e tu… É tudo tão puro
Levanto-me em direcção do encanto
Não te procuro…
Já lá estás…
Juro…
Recebo todos os dias de ti… O mimo
Quando acordo… Se me levanto
No entanto…
É nas cores do meu olhar, que te sinto no cimo
No alto da tua nudez… Na candura que amo tanto
Que bom é acordar contigo
Levantar com a vontade de viver
Saber…
Querer…
Que acordes comigo embrulhada em meus odores
Que eu acordo contigo, como acorda o sol,
no meio das flores


By José Alberto Sá

In:

Amores Clandestinos...

O amor clandestino é um amor que nunca acaba
É um amor de quarto, cozinha, sala e vão de escada
É um amor que chora e grita a plenos pulmões
Anseia, deseja e quer, sem submissões.

É um amor de dois amantes, secreto e louco
Que não tem nada a ver com a palavra pouco
É um amor de palavras, de gestos e de ternuras
E que muitas vezes transborda em mil loucuras

Esse amor é um amor sussurrado ao ouvido
Um amor que preenche os corações de quem o sente
Um amor que se faz sentir sempre presente
Mas que a distância o torna num amor sofrido.

Ele é também um amor de esperança
Um amor que convida para uma dança
Uma dança a dois todo ele entrega e sem pudor
Grande, puro e belo é assim o AMOR.


In:

Pézinhos, Sexo e Prazer - By Lena Lopez

O calor das tuas mãos e teu olhar brilhante, sobre meus pés à mostra. O dorso, dedos e solas, pedem pelas tuas carícias.
Minha alma mostra impaciência e meu corpo ferve num desejo ensandecido. Quase perco os sentidos ao sentir o toque dos teus dedos frios e enlouqueço de uma vez por todas, com a sensação de molhado e morno da tua boca.
Tu me olhas em contemplação, como a implorar-me, para que eu me deixe ao léu dos teus desejos e fica totalmente radiante, ao sentir meu salto ferir a pele do teu rosto. Mesmo levemente ferido, gemes bem baixinho e se submete lambendo as formas de couro negro envernizado.
Sinto-me em completo êxtase diante da tua reação e te vejo esfregar a sola de meu sapato na pele da tua face. Eu te ofereço o salto e o chupas como um falo, com enorme prazer.
Abandono um dos sapatos ao chão e brindo-te com meu pé desnudo, tu beijas o dorso delicado e lambe entre os dedos, deixando-os molhados.
Os estímulos ficam-me cada vez mais fortes, fazendo-me descobrir novas sensações. Num fortuito instante volto à razão e sinto-me ao sabor de impressões e prazer, nunca antes, por mim vividos.
Como privei-me deste prazer e dessas delícias, eu não imaginava o tesão capaz de incendiar ao por os pés à adoração e o enlevo que contagia ao ter uma língua passeando entre os dedos. 
Teus lábios sobre meus pés desnudos, parecem sorver pelas extremidades as minhas vibrações, se apossam dos meus pés, como se conhecessem, deles todas as dobras e caminhos.
Teu prazer é o toque nos meus pés e através deles tu tiras meus alicerces. Meu prazer é te desconcentrar, oferecendo meus pés para beijares. Não entre nós, o fraco e o forte, apenas dois pés, adorador e adoração. Neste instante não há tempo e nenhum espaço, somente um tesão à tomar nossos corpos.
Deixo-me e sinto-me ser invadida, enquanto a tua língua molha-me os pés. A sensação de ser possuída assim, é indescritível em termos mortais. Um incêndio inicia nos pés, queima as minhas coxas e arde-me no sexo.
Estremeço da cabeça ao pés e o meu orgasmo alia-se ao teu gozo, fazendo de nós, apenas um só!
Abandono-me à revelia e tu não renuncias aos meus pés, dá-lhes teus últimos carinhos, até me ver adormecer!

----------------------------------------

© COPYRIGHT BY LENA LOPEZ
Todos os Direitos Reservados
All Rights Reserved
DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS
Cópia e publicação permitidas, desde que acompanhada dos créditos à autora e link para para este blog, conforme termo exibido abaixo do cabeçalho desta página.

In:

Ser a Escolha no Amor...

Dias atrás esqueci a tevê ligada e dormi. Já pela manhã, acordei ao som do programa da Fátima Bernardes que entre seus convidados tinha o escritor Fabrício Carpinejar. Naqueles primeiros instantes em que nos damos conta que acordar é inevitável, ouvia uma discussão entre os demais convidados quanto à viabilidade ou não de dois amigos iniciarem um relacionamento amoroso. A essa altura, o filósofo Carpinejar, tão merecidamente festejado nas redes sociais, disse não ver com bons olhos dois “antes amigos”, tornarem-se namorados e, para defender sua posição, afirmou que entendia que isso era antirromântico na medida em que a sensação que passava era a de que, por não terem arrumado coisa melhor num primeiro momento, olharam para si que sempre tiveram perto e resolveram que fossem – como consolação – o namorado um do outro. Assim mesmo, aceitando que fossem a segunda opção.
O comentário do escritor-apresentador-filósofo Carpinejar me acordou. A partir daquele momento me pus a pensar se ele tinha razão. Se o fato de serem amigos e depois namorados diminuía o valor da relação que iniciavam. Fiquei pensando se realmente fazia sentido se crer que o fato de terem sido amigos por tanto tempo os legavam a essa posição de “segunda opção”, escolha por falta de escolha e acho que eu acho que ele foi muito duro.
Desde que comecei a pensar nisso, fiquei tentando comparar o que significa ser a primeira ou a segunda escolha, no campo do amor, da atração, do tesão, da vontade, etc. Até que ponto há mérito ou demérito em alguma dessas posições, principalmente se levarmos em conta que todos nós em algum momento de nossas vidas desejamos e fomos desejados e que nem sempre tivemos quem queremos e nem fomos de quem nos quis. E mesmo porque essas escolhas não costumam ter critérios absolutos ou objetivos, mas dependem do momento, da carência ou da necessidade de gostar de “outro” alguém.
O que sei é que, pra mim, essa primeira escolha não tem muita coisa de positiva, não traz ganho. Isso porque a primeira escolha é aquela que se faz no afã, na emoção, na tentativa de antecipar um sonho que tem tudo pra não ser real. A primeira escolha é a fantasia ousando deixar de ser fábula para fazer história, mas sem saber escrever já que quase nunca vai além do engatinhar. A primeira escolha é a da certeza sem certeza do final feliz.
Já a segunda escolha tende a ser a da maturidade. Ela tem motivos. No mais das vezes, bons motivos. É a escolha que também pensa o depois, que não pensa no que arrebata e deixa saudade, mas no que vem pra ficar porque é bom que fique. Enquanto a primeira escolha é a de quem só quer jogar, a segunda é a de quem quer vencer esse jogo.
E nem se trata de momento que se escolhe, mas sim, do momento que se vive quando se escolhe. A primeira escolha sonha com o futuro que provavelmente não chegará e a segunda escolha com o futuro que fará(ão)... juntos! A primeira escolha é passional de um jeito estabanado, enquanto a segunda é escolha é mais segura e concreta; a primeira escolha é adolescente, a segunda escolha é adulta; a primeira escolha deseja, a segunda escolha faz; a primeira escolha sonha, a segunda escolha vive; na primeira escolha há fogo, mas só a segunda sabe causar incêndio, porque é a segunda que costuma saber o que faz...
No fim, o que vale é a sinceridade com que se escolhe até porque romântico não é escolher, mas viver de escolhas próprias. Isso é ser a escolha no amor: quem sabe o quer, mas também sabe ser querido, sem medo de nenhum dos papéis. É dar e receber o carinho que acumula, compartilhar o sonho que deseja e realizar a fantasia que faça sonhar. Romântico não é ser o primeiro, o segundo ou o terceiro, mas ser o último de um instante e o definitivo de todos os demais. Não é ser ou ter algo ou alguém a mais, mas ser e ter o tudo o que vem de quem se descobre imprescindível onde sequer se imaginava e, a partir daí, continuar sendo todo dia... um dia de cada vez.



Não alteres o teu olhar.

Arremessas-te o teu fulminante olhar
E eu caí nesse abismo onde o sol me atraiu
Escutei o teu silêncio na queda, quis-te levar
Nos braços de um homem que na tua luz sumiu

Na queda em ti, abri meu peito, rasguei o coração
Não consegui voar, simplesmente te olhei
Quase tombado aos teus pés, quase levado ao chão
Senti, que perante teu olhar… O sol ganhei

Peço-te que me olhes mais vezes na minha queda
Não tenho medo do abismo, se lá estiveres
Sou o cego por amor, louco em lavareda

De olhos regalados somente para ti, se me quiseres
Olhos meus que te amam, de cima a baixo, direita ou esquerda
Vontade que peço, que nesta queda nada alteres


By José Alberto Sá

In:

Pensando em você...Banho de Sexo - By Lena Lopez

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Devagar de Te Amo...

Devagar te amo, e devagar assomo 
os dedos à altura dos olhos, do cabelo 
dos anéis de outro turno, que é só meu 
por querê-lo, meu amor, como a ti mesma quero 
nos tempos de passado e sem futuro. 
Devagar avanço um dealbar de dias 
que vida seriam - mesmo que morto, à noite, 
eu voltasse amargurado mas presente, 
calado e quedo, e devagar amando. 

By Pedro Tamen
 In “Rua de Nenhures”

Reagir à Saudade e à Tristeza...

A maneira de reagir à saudade e à tristeza é ter um coração bom e uma cabeça viva. A saudade e a tristeza não são doenças, ou lapsos, ou intervalos, como se diz nos países do Norte. São verdades, condições, coisas do dia a dia, parecidas com apertar os atacadores dos sapatos. É banalizando-as que as acompanhamos. Um sofrimento não anula outro. Mas acompanha-o. Paraisto é preciso inteligência e bondade. 
Aquilo que resta são as pequenas alegrias. No contexto de tamanha tristeza e tanta verdade tornam-se grandes, por serem as únicas que há. Não falo nas alegrias que passam, como passam quase todas as paixões. 
Falo das alegrias que se tornam rotinas, com que se conta: comprar revistas, jantar ao balcão, dormir junto do mar, dizer disparates, beber de mais, rir. Coisas assim. São essas coisas — entre as quais o amor — que não se podem deitar fora sem, pelo menos, morrer primeiro. 


By Miguel Esteves Cardoso
 in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'

In:

Canção de Amor...

Eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
faria amor, assim, com as palavras. 
Eu cantaria mesmo que tu não existisses 
porque haveria de doer-me a tua ausência. 

Por isso canto. Alegre ou triste, canto. 
Como se, cantando, tocasse a tua boca, 
ainda antes da tua presença. 
Direi mesmo, depois da tua morte. 

Eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
ó minha amiga, doce companheira. 
Eu festejo o teu corpo como um rio, 
onde, exausto, chegarei ao mar. 

Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
porque nada eu direi sem o teu nome. 
Porque nada existe além da tua vida, 
da tua pele macia, dos teus olhos magoados. 

Assim quero cantar-te, meu amor, 
para além da morte, para além de tudo. 


By Joaquim Pessoa
in 'Canções de Ex-Cravo e Malviver'

In:

Houve uma Ilha em Ti...

Houve uma ilha em ti que eu conquistei. 
Uma ilha num mar de solidão. 
Tinha um nome a ilha onde morei. 
Chamava-se essa ilha Coração. 

Que saudades do tempo que passei. 
Nenhum desses momentos foi em vão. 
Do teu corpo, de ti, já nada sei. 
Também não sei da ilha, não sei, não. 

Só sei de mim, coberto de raízes. 
Enterrei os momentos mais felizes. 
Vivo agora na sombra a recordar. 

A ilha que eu amei já não existe. 
Agora amo o céu quando estou triste 
por não saber do coração do mar. 


By Joaquim Pessoa- 
in 'Ano Comum'


In:

Tens...

- Tens de mim tudo aquilo que conquistaste.
- ... 
- E conquistaste tudo. 
- ...
- Não deixaste nada por conquistar.
 Até partes de mim que eu nunca soube que existiam soubeste conquistar.
- ...
- Primeiro ressuscitaste-as. 
E depois conquistaste-as. 
- ...
- Há que conquistar outra vez. 
Acredito que amar é conquistar todas as vezes 
aquilo que já conquistamos tantas vezes.
- ...
Quando se ama, todas as partes merecem ser conquistadas.


By Pedro Chagas Freitas

In:
"De aqui a pouco acaba o dia.
Não fiz nada.
Também que coisa é que faria?
Fosse o que fosse, estava errada.

De aqui a pouco a noite vem.
Chega em vão
Para quem como eu só tem
Para o contar o coração.

E após a noite a irmos dormir
Torna o dia.
Nada farei senão sentir.
Também que coisa é que faria?"
Fernando Pessoa

In:

Tu tens...

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor. 
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.
Cecília Meireles

In:

Fragmento 204 - Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

Nuvens... Hoje tenho consciência do céu, pois há dias em que o não olho mas sinto, vivendo na cidade e não na natureza que a inclui. Nuvens... São elas hoje a principal realidade, e preocupam-me como se o velar do céu fosse um dos grandes perigos do meu destino. Nuvens... Passam da barra para o Castelo, de ocidente para oriente, num tumulto disperso e despido, branco às vezes, se vão esfarrapadas na vanguarda de não sei quê; meio-negro outras, se, mais lentas, tardam em ser varridas pelo vento audível; negras de um branco sujo, se, como se quisessem ficar, enegrecem mais da vinda que da sombra o que as ruas abrem de falso espaço entre as linhas fechadoras da casaria.

Nuvens... Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens... Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero! Nuvens... Estão passando sempre, umas muito grandes, parecendo, porque as casas não deixam ver se são menos grandes que parecem, que vão a tomar todo o céu; outras de tamanho incerto, podendo ser duas juntas ou uma que se vai partir em duas, sem sentido no ar alto contra o céu fatigado; outras ainda, pequenas, parecendo brinquedos de poderosas coisas, bolas irregulares de um jogo absurdo, só para um lado, num grande isolamento, frias.

Nuvens... Interrogo-me e desconheço-me. Nada tenho feito de útil nem farei de justificável. Tenho gasto a parte da vida que não perdi em interpretar confusamente coisa nenhuma, fazendo versos em prosa às sensações intransmissíveis com que torno meu o universo incógnito. Estou farto de mim, objectiva e subjectivamente. Estou farto de tudo, e do tudo de tudo. Nuvens... São tudo, desmanchamentos do alto, coisas hoje só elas reais entre a terra nula e o céu que não existe; farrapos indescritíveis do tédio que lhes imponho; névoa condensada em ameaças de cor ausente; algodões de rama sujos de um hospital sem paredes. Nuvens... São como eu, uma passagem desfeita entre o céu e a terra, ao sabor de um impulso invisível, trovejando ou não trovejando, alegrando brancas ou escurecendo negras, ficções do intervalo e do descaminho, longe do ruído da terra e sem ter o silêncio do céu. Nuvens... Continuam passando, continuam sempre passando, passarão sempre continuando, num enrolamento descontínuo de meadas baças, num alongamento difuso de falso céu desfeito.

"Eu adoro todas as coisas 
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. 
Tenho pela vida um interesse ávido 
Que busca compreendê-la sentindo-a muito. 
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, 
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, 
Para aumentar com isso a minha personalidade. "


By Álvaro de campos
art"fabian perez"

In:

Dai-me Rosas e Lírios - Fernando Pessoa

"Dai-me rosas e lírios,
Dai-me flores, muitas flores
Quaisquer flores, logo que sejam muitas...
Não, nem sequer muitas flores, falai-me apenas"
art"bert hardy"

In:

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Eu sei onde encontrar esse abraço!

Eu não sou Você, Você não é Eu! - Madalena Freire

Eu não sou você
Você não é eu
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?

Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava pra você
Na sua, minha, insegurança
Na sua, minha, desconfiança
Na sua, minha, competição
Na sua, minha, birra birra infantil
Na sua, minha, omissão
Na sua, minha, firmeza
Na sua, minha, impaciência
Na sua, minha, prepotência
Na sua, minha, fragilidade doce
Na sua, minha, mudez aterrorizada

E você se encontrou e se viu, enquanto olhava pra mim?

Eu não sou você
Você não é eu.
Mas foi vivendo minha solidão que conversei
Com você, e você conversou comigo na sua solidão
Ou fugiu dela, de mim e de você?

Eu não sou você
Você não é eu
Mas sou mais eu, quando consigo
Lhe ver, porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser…

Eu não sou você
Você não é eu
Mas somos um grupo, enquanto
Somos capazes de, diferenciadamente,
Eu ser eu, vivendo com você e
Você ser você, vivendo comigo.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Veio-me que esse gostar
sem entender...
pode ser reencontro de
almas

By 
Heredion


In:

Agonia...

Lavo a alma 
Encardida pelo sofrimento
Enquanto o coração descompassado e lento
Agoniza numa espera sem fim
Nasce o sol
Renasce a esperança
Que o perdão, de um outro coração
Renasça .
Para só então ,
Meu pôr do sol 
À sorrir 
Volte !

Autor: Wamberto Lobo.

In: