Ela é simplesmente FANTÁSTICA!!!!!

No dia 04 de maio de 1979, Margareth Tatcher, depois de dez anos como deputada do Partido Conservador, foi eleita para ocupar (e essa não é uma palavra excessiva) um dos endereços emblemáticos do governo inglês: 10, Downing Street − a residência oficial do Primeiro−Ministro do Reino Unido da Grã−Bretanha.
Essa mulher, que era avessa aos serviços domésticos e familiares, tanto que disse que não posso morrer lavando uma xícara, foi responsável por alguns dos anos mais difíceis da história inglesa. Durante o período que liderou a nação houve recessão econômica, desemprego, privatizações, greves, manifestações populares. Além disso, o Irish Republican Army (IRA) não deu trégua e realizou alguns dos ataques mais devastadores contra o opressor. Foram tempos de pânico e terror. O colapso total do governo só não aconteceu por milagre. Surpreendentemente, um milagre que durou onze anos e meio.

Na companhia imaginária de Denis, o marido morto muitos anos antes, Margareth relembra alguns dos seus melhores momentos. Alguns dos piores também. Entre estes, o mais visível é o distanciamento afetivo dos filhos (gêmeos, Mark e Carol). A mulher que colocou a carreira política como propósito de vida não colheu, em troca, amor filial – sentimento que ela, como determina o conjunto de regras da asséptica educação britânica, nunca demonstrou ser importante.
Depois que deixou o poder, Tatcher teve dificuldades para administrar a nova situação. Uma das primeiras dificuldades que descobriu é que está cada vez mais complicado levar o navio em segurança até o cais. O narcisismo contemporâneo se espalhou pelo tecido social como se fosse metástase. Ao final de um encontro social, uma mulher tenta lhe agradar afirmando que se inspirou na ex−primeira−ministra. Sem temor de ofender brios ou vaidades, Tatcher, com a rispidez que lhe era peculiar, diz: Costumava ser sobre tentar fazer alguma coisa. Agora é sobre tentar ser alguém.
Mesmo senil, Tatcher se mostra lúcida. Em determinado momento, liga todos os aparelhos eletrodomésticos, procurando causar o máximo de barulho possível. Envolta no desespero, quer evitar ouvir as vozes das alucinações, quer resistir ao chamado da loucura.
É uma luta inglória, sem esperanças. O passado e o presente desaparecem da memória, projetando um futuro inexistente.
Acabou, parece dizer Margareth Tatcher, na última cena, enquanto lava uma xícara.
Obrigado, Roberta!
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