quarta-feira, 23 de maio de 2012

LONGE DE VOCÊ - By Naldo Velho



Longe de você 
todos os dias serão nublados,
as manhãs cinzentas, 
as tardes sonolentas
e as noites chuvosas 
com madrugadas barulhentas
que é para não se conciliar 
a insônia com o sono,
e ao amanhecer com olheiras 
ficar patente o abandono
que o poeta costuma viver.


Longe de você 
a fumaça do cigarro
se mistura com a poluição do ambiente
e o pulmão reclama doente 
por conta de um respirar afrontado
e do bater de um coração acelerado
que só faz viver desanimado
por não querer mais sofrer.


Longe de você 
todo o amanhã será passado
e passará assim tão calado 
que não dará a perceber
aquilo que eu tinha pra viver.


Longe de você 
o que como não saboreio,
o que bebo se faz amargo,
e o que cheiro, rejeito enjoado,
e me dá um fastio danado,
coisas de um apaixonado,
desses que dá dó de se ver.


Longe de você 
o violão se cala desafinado,
a poesia perde o encanto e a magia
do novo, do surreal, do inusitado
e o que se vê é só lamento, é solidão,
é desentranhamento, 
de viver tentando um remédio,
uma vacina, um antídoto 
para o tédio de viver sem você.


Longe de você 
já não quero saber de outra dança,
se alguém convida, eu recuso!
Digo que estou cansado, 
peço licença e saio apressado,
volto para o meu quarto tão frio, 
e deito, assim solitário,
pedindo a Deus para parar de doer.





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