sexta-feira, 25 de maio de 2012




e como sinto o vento que insiste em levitar-me pelas falésias acamadas como nuvens escuras dispersas,

e como sinto o vento tocando-me na face

pelo sorriso desta manhã adormecido,

adormeceram-se as longas distâncias,
adormeceram-se as longas histórias, 
adormeceram-se as súplicas.

E como sinto o vento que insiste em repetir-se levemente,
como um linho que me toca,
qual algodão,

e como sinto o vento espraiando-se pela claridade
nesta terra castanha escura que piso,

como o sinto.

Reluzem as pegadas que o vento não levou,
o que restou do amor, talvez,

que as monções resistam nas tatuagens eternas do mar,
que a memória resista como o vento que insiste,

insiste,


ah... como insiste o vento em levitar-me de mim.


Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)


Postado por Felipe Mendonça





Um comentário:

  1. Olá. Estou a ver pela primeira vez e gostei muito da imagem que abrilhantou o meu poema. Diferente quando lemos o que escrevemos com outra roupagem (fotografia). Muito obrigado. Abraço-te.
    Ricardo Pocinho (O Transversal)

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