sexta-feira, 25 de maio de 2012

É com fio de lã se desmanchando...

Eita vida perfeita!!!

Poeta niversitaro, 

Poeta de cademia, 

De rico vocabularo 

Cheio de mitologia, 

Tarvez este meu livrinho 

Não vá recebê carinho, 

Nem lugio e nem istima, 

Mas garanto sê fié 

E não istruí papé 

Com poesia sem rima. 



Cheio de rima e sintindo 

Quero iscrevê meu volume, 

Pra não ficá parecido 

Com a fulô sem perfume; 

A poesia sem rima, 

Bastante me disanima 

E alegria não me dá; 

Não tem sabô a leitura, 

Parece uma noite iscura 

Sem istrela e sem luá. 



Se um dotô me perguntá 

Se o verso sem rima presta, 

Calado eu não vou ficá, 

A minha resposta é esta: 

Sem a rima, a poesia 

Perde arguma simpatia 

E uma parte do primô; 

Não merece munta parma, 

É como o corpo sem arma 

E o coração sem amô. 



Meu caro amigo poeta, 

Qui faz poesia branca, 

Não me chame de pateta 

Por esta opinião franca. 

Nasci entre a natureza, 

Sempre adorando as beleza 

Das obra do Criadô, 

Uvindo o vento na serva 

E vendo no campo a reva 

Pintadinha de fulô. 



Sou um caboco rocêro, 

Sem letra e sem istrução; 

O meu verso tem o chêro 

Da poêra do sertão; 

Vivo nesta solidade 

Bem destante da cidade 

Onde a ciença guverna. 

Tudo meu é naturá, 

Não sou capaz de gostá 

Da poesia moderna. 



Dêste jeito Deus me quis 

E assim eu me sinto bem; 

Me considero feliz 

Sem nunca invejá quem tem 

Profundo conhecimento. 

Ou ligêro como o vento 

Ou divagá como a lêsma, 

Tudo sofre a mesma prova, 

Vai batê na fria cova; 

Esta vida é sempre a mesma.


Alda Oliveira


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