domingo, 14 de outubro de 2012


PAIXÃO NOS DEIXA COM BORBOLETAS NA BARRIGA



Quando nos apaixonamos ficamos com "borboletas" na barriga, com um sorriso de orelha a orelha e com cara de tontos. Andamos desatentos e desligados, ansiosos e curiosos. Ostentamos felicidade e alegria. Entramos num "estado de embriaguez" e quase ficamos alucinados. Só vimos o que queremos ver e para qualquer discrepância que surja, acabamos sempre por inventar uma justificação e colmatar assim algo que poderá ser fatal numa possível relação. Esta fase tem um tempo de duração, de validade. Depois pode ou não conduzirnos ao amor.

O amor é algo que tem poder para nos destruir, algo que entregamos a uma pessoa em quem confiamos e que esperamos que não o utilize com tal propósito. Mas ás vezes acontece... O fogo apaga-se, a paixão desaparece e o amor transforma-se. Em troca, recebemos um atestado de propriedade privada, "uma anilha" para o tornar público, aumento de responsabilidades e tentativas de restauração, senão quase, a eliminação de grande parte do nosso carácter. O sexo perde o interesse e a vida quase que também.

Passamos a viver mecanicamente, entramos numa rotina e deixamos de sorrir. Vivemos oprimidos, aborrecidos, algumas vezes frustados e sonhamos em silêncio com a vida qque gostaríamos de ter. Pergunto eu...afinal o que se passa? TODOS somos livres.

Qualquer um de nós tem direito a equivocar-se, tem direito a apaixonar-se várias vezes e tem direito a amar quem quer que lhe apeteça. Ora quando somos amados, será concerteza pelo que somos, pela nossa essência, pela nossa natureza e pelo nosso carácter e/ou personalidade. Se somos verdeiramente amados, somos em tudo e por tudo, nas qualidades e nos defeitos, na saúde e na doença e, como tal, somos também merecedores de respeito como qualquer ser humano no planeta.

Temos direito a opinar e a fazer valer o nosso ponto de vista. Temos direito a expressar-nos livremente e a fazer tudo o que nos é possível (tendo em conta os limites) e que nos faz sentir bem. Aprendemos a confiar e demonstramo-lo vezes sem conta, utilizando as mais variadas formas de o fazer. Quem, depois de permitirmos que se aproprie de nós, tenta mudar-nos e moldar-nos à sua semelhança ou até aniquilar-nos enquanto detentores e proprietários de nós mesmos, não nos ama.

Quem cria em nós uma sensação de submissão e medo (que não deveremos confundir com respeito), e quem nos faz fechar dentro de nós, criar um mundo só nosso, e indagar a existência de uma vida feliz, efectivamente não nos ama. Quem não respeita os nossos familiares e amigos ou colegas, não nos ama. Quem não respeita os nossos momentos de reflexão e por conseguinte de solidão, não nos ama. Quem não sabe ler os nossos olhos nem compreende o nosso silêncio, não nos ama.

Quem não sabe ouvir o que dizemos, ou quem não sabe aperceber-se que necessitamos falar, nem tampouco nos permite fazê-lo, não nos ama. Afinal, meu queridos, que é feito do verdadeiro amor? Daquele em que se baseia a amizade, o carinho, o respeito, a compreensão, a solidariedade...? Como podemos permitir que alguém nos roube aos que verdadeiramente nos querem e nos tente manipular, usar e até mutilar psicologicamente, apenas para seu prazer e satisfação??

Somos ou não somos adultos, inteligentes, responsaveis e conscientes?? Somos adultos, porque temos a capacidade de gerir a nossa própria vida, somos inteligentes porque aprendemos, ensinamos e sabemos distinguir o certo do errado, o bonito do feio, o mau do bom; somos responsáveis, porque assumimos compromissos e sabemo-los cuidar, porque somos filhos, pais, companheiros e amigos dedicados, e somos conscientes porque sabemos que o mundo não tem fim. Que tudo começa onde acaba e acaba onde começa. Que há um sem número de pessoas que poderão querer-nos, respeitar-nos tal e como somos e amar-nos. É assim de simples. Claro como a água. Porque carga de água, nos temos que deixar dominar e quase desaparecer?? Porque não podemos apenas SER? Vamos mas é aprender a amar-nos a nós próprios.

Mas que jeito tem, acabar por não atender o telemovel só porque saímos a tomar uma cerveja com um par de amigos e estamos contentes? Ou então pior....atender o telemovel e justificar o nosso comportamento exemplar com uma transmissão em directo do cenário, da localização exacta, dos personagens e dos adornos, justificar o que comemos, o que bebemos, e como nos estamos a comportar, qual filho pequeno a sua mãe...acabando depois por ouvir, de acordo com a confiança, comentários machistas, feministas ou até impróprios por parte dos presentes. Fica então uma estranha sensação de desiquilibrio na vida sentimental e um mau estar, ou até vergonha e tristeza, e, uma vez mais, a cabeça lá nos leva para outros pensamentos...damo-nos conta de que já não somos livres...nem felizes....

Procuramos nesta vida, alguém para nos acompanhar e amar, alguém com um determinado perfil, de acordo com o que cada um de nós pensa. Se encontramos alguém que nos faz sentir bem, mas que tudo se traduz em momentos, ou numa quantidade de tempo limitado, porque seguir? Não nos devemos culpabilizar por deixar de amar alguém...devemos assumi-lo e contar-se-lho. Muitas vezes, se há que atribuir culpa, ela nem é nossa...no entanto, porque somos adultos e responsáveis, entendemos que assumimos um compromisso e que isso terá que durar sempre. Enganam-se! O segredo está em ter consciência de que o nosso amor para com essa pessoa acabou, admitir que queremos e podemos ser felizes com outro alguém e saber assumir um igual compromisso e responsabilidade para terminar a relação.

Não precisamos de ter alguém já, " no outro lado" à nossa espera, isso revela cobardia e falta de amor próprio quando serve para tomarmos uma iniciativa, ajuda, mas por si só não deverá justificar a nossa decisão. Basta darmo-nos conta de que ali, onde estamos agora, não é seguramente o nosso lugar. Que não queremos passar o resto das nossas vidas ao lado daquela pessoa. Não é difícil nem cruel. É só pensarmos mais em nós próprios e ver que vale a pena. Afinal todos o merecemos.

Procuramos atenção, carinho, sexo, respeito, admiração, alegria, entre tantas outras coisas fora das relações que temos porque efetivamente algo nos falta. Há uma ou mais lacunas, há espaços importantes por preencher, há sentimentos e emoções por dar e receber. Não é certo fazê-lo, para nada, mas por vezes somos levados a tal devido à dimensão das nossas carências. Vamos pensar bem em tudo isto e apostar em nós, vamos ser razoavelmente destemidos e ousados e procurar bem "a outra metade de nós". Algures por aí, havemos de a encontrar. Beijos e abraços!




AMOR BASTANTE - Paulo Leminski




quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante


basta um instante
e você tem amor bastante


um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto 


Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 - Curitiba, 7 de junho de 1989) - Além de poeta, foi escritor, tradutor e professor. Foi também um grande biógrafo, tendo escrito as biografias de nomes como Cruz e Sousa, Edgar Allan Poe e Trotski. Leminski também escreveu letras de música em parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som. O poeta era faixa preta de Judô.
Imagem : Flickr. Autor : nafra cendrers



PRA VOCÊ MEU ETERNO AMOR...


NÃO VAIS ANTES DE MIM



Sei que nasci pra ti... pra te amar
Incondicionalmente, sem curvas, sem medo
Mas então... por que não me amas também?
Tenho certeza de que minha alma te pertence
Mas e a tua???
Se vim pra te amar desse jeito, com essa força... por que não és meu
Porque tenho que amar-te sozinha
Não entendo essa minh'alma

As vezes sinto medo...
Medo de te perder por aqui também... de vez
Tenho medo que a morte venha
E te leve...
Como vou saber onde estás
Ninguém me avisará
Você é meu segredo lembra??
Tenho medo de depois não te encontrar
Se você for antes de mim
Você ainda não sabe que nascemos um para o outro
Mas eu sei...
Então, melhor que eu vá primeiro que você
Porque assim fico te esperando
Fico aguardando a tua chegada e não vou te perder
Mas se for você...
Como vai saber que tens que me esperar
Como vou te dizer
Fico aflita... não vais antes de mim





CARTA EXTRAVIADA - 3



3. Não é da minha natureza esperar que me dêem liberdade, não espero pelo pouco que há de essencial na vida. Sendo liberdade uma delas, eu mesmo me concedo. Ser livre não me ensinou a amar direito, se por direito entende-se este amor preestabelecido, mas me ensinou as sutilezas do sentimento, que, afinal, é o que o caracteriza e o torna pessoal e irreproduzível. Te amo muito, até quando não percebo.

O amor que eu sinto pode parecer estranho, e é por isso que o reconheço como amor, pois não há amor universal: não, caríssima. Não há um amor internacional, assim como são proclamados os cidadãos do mundo. Cada cidadão, um coração, e em cada um deles, códigos delicados. Se não é este o amor que queres, não queres amor, queres romance, este sim, divulgadíssimo. Te amo muito, e não sinto medo.

Bela e cega, buscas em mim o que poderias encontrar em qualquer canto, em todo corpo, homens e mulheres ao alcance de teus lábios e dedos, romance: conhecido o enredo, é fácil desempenhá-lo. E se casam os românticos, e fazem filhos e fazem cedo.

O amor que sinto poderia gerar casamento, pequenos acertos, distribuição de tarefas, mas eu gosto tanto, inteiro, que não quero me ocupar de outra coisa que não seja de você, de mim, do nosso segredo. Te amo muito, e pouco penso.

Esta carta não chegará, como não chegarão ao seu entendimento estas palavras risíveis, estes conceitos que aos outros soariam como desculpa de aventureiro ou até mesmo plágio, já que não há originalidade na idéia, muito difundida, porém bastante censurada. Serei eu o romântico, o ingênuo? Serei o que quiseres em teu pensamento, tampouco me entendo, mas sinto-me livre para dizer-te: te amo muito, sem rendimento, aceso, amor sem formato, altura ou peso, amor sem Conceito, aceitação, impassível de julgamento, aberto, incorreto, amor que nem sabe se é este o nome direito, amor, mas que seja amor. Te amo muito, e subscrevo-me.





CARTA EXTRAVIADA - 2


2. Estou há vários dias escrevendo esta carta mentalmente, pois na mente os erros ortográficos contam menos que os erros de atitude, e só no que penso são nos erros, uma vez que foram infinitamente mais constantes que os acertos. Não estou organizando frases para resumi-las num pedido de desculpas, pois nada me parece mais raso e os meus erros merecem um pouco mais de consideração, já que foram tão solenes e fartos, meus erros foram dos de tamanho grande, e há que se ter por eles um desprezo de igual envergadura. Menina, só um amor gigante provocaria esta nossa ruptura.

Se não há explicação, ao menos sinto verter por dentro um leve arrependimento, errei por razões mínimas porém em vezes diversas, o que me confere fartura, ainda que não tenham sido erros à sua altura. Menina,eu sei, você preferiria que eu tivesse acertado, mesmo que um acerto em miniatura.

Talvez não seja da minha índole agir com generosidade, é de família esta minha dificuldade em fazer os outros felizes, mas, ao contrário, é dom da tua, pois fizeste da tua felicidade a minha clausura. Que mistério é esse de tornar um homem apático o rei da euforia, de fazer de um homem sério o senhor da galhardia, de fazer de um homem só um homem mais só ainda, por não antever mulher alguma que consiga repetir esta aventura?

Menina, por um triz não fui o que esperavas de mim, faltou-me a coragem, não faltou-me a fissura. Para sempre estarei a te escrever esta carta mentalmente, confusa e fria, mas não impura, já que nela abdico dos meus erros e acertos para revelar apenas o que em silêncio te dedico, um amor injulgável, imedível, totalmente irresponsável, amor que abraça o sofrimento para testar sua resistência e que acredita, de maneira um tanto tola e quixotesca, que só este tipo de amor é que perdura.





Durante essa noite fiquei pensando se deveria colocar um texto que já estava pronto ou se compartilhava com vocês mais uma historia real. Depois de pensar bastante resolvi escrever essa historia de amor, onde não colocarei o nome real das pessoas envolvidas, por questões de preservar esse lindo Amor! Por isso vou colocar nesse casal o nome de 2 personagens do filme “Um Amor para Recordar” onde ele será Landon Carter, e ela Jamie Sullivan. 


No inicio do mês de dezembro de 2005, o então solitário e sempre sonhador Landon, já não aguentava mais viver em meio aquela solidão, afinal Landom sempre foi um homem romântico, sonhador, e que sempre acreditou que um dia iria encontrar o seu grande amor.

Com isso Landom resolveu entrar em uma aula de dança, chamada Zouk, pois ele sempre gostou muito de dançar e isso era uma das atividades que ele mais gostava. Foi então no 1º dia de aula, quando Landom acabara de entrar na sala, que ele se sentiu totalmente atraído por uma garota, sentada bem no canto, sozinha e com o olhar aéreo, batendo os pés no chão e demonstrando tamanho nervosismo.

Landom sentiu naquele momento que suas pernas haviam ficado moles e seu coração começado a bater cada vez mais forte, e nesse momento ele não teve duvidas que ali estava a mulher da sua vida. Nesse momento a professora chamou todos e pediu que cada um escolhesse seu par, e foi ai que Landom sem pensar foi de encontro com Jamie, a garota pela qual ele já estava totalmente envolvido.

Nesse momento os dois trocaram suas primeiras palavras que foram: Prazer, me chamo Landom, e você? Eu me chamo Jamie e estou muito nervosa, mais acho que vou me sentir bem com você. Depois de uma semana de aula, Landom e Jamie já estavam totalmente envolvidos e cada vez mais íntimos, com isso começaram a ter um relacionamento um tanto precoce, porem com muita intensidade a cada dia que se passava.

Jamie era uma menina adorável, meiga e acima de tudo muito companheira de Landom, e eles amavam a dança, pois foi através dela que esses dois corações se uniram.

Eles se apresentavam em vários lugares e sempre comoviam o publico com a sensualidade e amor que eles dançavam, afinal ali não era somente um casal de dançarinos, mas sim um casal apaixonado e cada dia mais dependente um do outro.

O que posso dizer é que durante dois anos Jamie e Landom viveram intensamente esse amor, e nunca, simplesmente nunca, se desentenderam, afinal eles amavam cada pedaço um do outro. Jamie com seu jeito meigo e Landom com seu jeito romântico sonhador.

Infelizmente, no fim do ano de 2007, chegava o fim desse relacionamento, porque Jamie teria que se mudar para outro país com seus pais e com isso deixaria para trás aquele amor construído e vivido durante dois anos com Landom.

Landom sofrera muito com a notícia de que iria perder seu grande amor, e com isso se deixou levar pela fraqueza do espírito e caiu em uma forte depressão. Antes de tudo acabar, eles proporcionaram um momento lindo e mágico, dançando pela ultima vez a dança que os tornou alma gêmeas, o Zouk, e nessa ultima dança muitos disseram que eles praticamente fizeram amor dançando, em meio a lágrimas, desejo, suor e respiração. Jamie foi embora, mas durante os últimos 2 anos se comunicava com Landom por e-mail e os dois sempre se declaravam apaixonados e ainda sonhavam que um dia poderiam novamente estar juntos. Durante algum tempo Jamie parou de escrever, fazendo com que Landom pensasse tantas coisas absurdas como: "ela encontrou outra pessoa, ela não me amava de verdade".

E foi assim que numa certa noite, Landom acordou assustado com o barulho do telefone tocando e quando atendeu era a mãe de Jamie, com uma voz triste e demonstrando estar chorando que lhe deu a noticia que ele jamais pensou escutar: “Landom meu querido, a nossa Jamie morreu. Ela estava doente a 9 meses e nunca me deixou te contar nada , pois sabia que a sua loucura e amor por ela iria fazer você vender tudo que tinha para vir atrás dela, e ela não queria acabar com sua vida. Landom, a Jamie estava com Leucemia e o que a manteve viva durante todo esse tempo foi o Amor que ela sentia por você”. 

Nesse momento Landom se viu diante da pior noticia da sua vida, e entrou em choque. Não conseguia se quer falar um “oi” no telefone e foi ai que ele simplesmente começou a chorar copiosamente conseguindo dizer apenas: ”Eu não acredito que minha Linda Jamie se foi. Ela não pode fazer isso comigo, eu não posso viver sem o amor da Jamie. Me ajuda..., me ajuddaaa...” Então a mãe de Jamie o pediu desculpas, mas precisava desligar porque não conseguia mais ouvir a voz de sofrimento de Landom.

Essa é a história resumida desse lindo casal, que se conheceu através da dança e que viveu durante dois anos um amor tão bonito e tão verdadeiro, que jamais será esquecido.Fico por aqui e só tenho algo a dizer pra vocês caros leitores e amigos. Jamais deixe de viver um grande amor, lute por ele, não tema nada, não coloque limites para realizar algo em benefício desse amor. 


“O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.








POSSO...


Não tocar seu corpo,
Sentir seus lábios,
Seus abraços
Em um momento
De sublime ternura.
Mas, sempre
Ouvirei sua voz,
Olharei seus olhos
E a contemplarei

Mesmo na distância.
E durante a saudade
Tomarei em minhas mãos
Uma flor.


Fecharei meus olhos
E a terei comigo.
Sentirei seu perfume,
Seus abraços apertados,
O calor do seu corpo
E o doce de seus beijos.
Me abrandarei
Com seus carinhos
Em meu corpo,
Com seus murmúrios
Em meus ouvidos.

E neste mundo
O Sol e a Lua
Sempre estarão
Em um eclipse total...

Carinhosamente...


Desconheço a Autoria
Caso você conheça o autor do texto, entre em contato comigo para o devido crédito, obrigada.




CASADA, FELIZ, MAS APAIXONADA POR OUTRO


Como pode uma mulher feliz com seu casamento sentir por outro homem algo que sequer sentiu por seu marido, nem por outro homem que já tenha passado em sua vida. Estou parecendo uma adolescente vivendo o seu primeiro amor, aquele que te deixa com as pernas bambas, que faz seus olhos brilharem...


"Estou vivendo uma situação esses últimos dias, que não consigo entender, nem consigo achar explicação, e gostaria muito que pudesse me ajudar, pois essa situação me deixa confusa e não me faz sentir bem. Tenho 36 anos, sou casada há oito. Conheço muito pouco da Doutrina Espírita, mas passei a me interessar de uns dois anos pra cá, depois de ler um livro que me chamou atenção pelo título "Ninguém é de ninguém", de Zíbia Gasparetto. Confesso que gosto de me aprofundar no que diz respeito ao espiritismo, pois às vezes comparo com algumas coisas que me acontecem e vejo que faz sentido, mas as vezes penso que é só imaginação minha...

Vamos ao que interessa, pois pode ser que o espiritismo, ou não sei bem o nome que se dá, possa explicar o que se passa comigo, e diga se isso é só ilusão de minha cabeça, ou faz algum sentido. Como já disse, sou casada, não tenho filhos e há duas semanas comecei a trabalhar em um estabelecimento, onde conheci muitas pessoas novas, algumas das quais tenho mais contato e outras não tenho tanto, pois são de outros setores. Entre esses que nunca troquei uma palavra, nem tive muito contato, está um rapaz, que de início não me chamava atenção. Era um funcionário como outro qualquer e nem ia muito com a cara dele, pois o achava uma pessoa prepotente, de cara fechada, me parecia uma pessoa arrogante. A sensação que eu tinha era de que se eu lhe desse um boa tarde, ele ignoraria e sequer responderia com um outro boa tarde. Enfim, meu santo não batia com o dele. Mas ele tem seus atributos e chama atenção de qualquer mulher, pois é bonito.

Tudo começou a mudar depois que tive um sonho com ele. Estávamos em um lugar que não sei definir onde seria e não estávamos sós. Lembro pouca coisa do sonho, mas estávamos com outras pessoas, reunidos em um círculo e vestidos de branco. Conversávamos uns com os outros e havia um homem ao meu lado, o qual não via o rosto. Depois as pessoas dispersavam e ele ficava ao meu lado, me abraçava por trás, me falava algo ao pé do ouvido e nesse momento o rosto dele me pareceu nitidamente e vi que era o dito rapaz meu colega de trabalho, me beijou o pescoço, e nesse momento senti um arrepio que me fez acordar. Acordei trêmula, como se estivesse fraca. Depois disso meu sossego acabou, para mim foi apenas mais um sonho, achei que nada mudaria em minha vida, pois sou casada e amo meu marido. Mas ao chegar para trabalhar naquele dia senti que algo havia mudado. Quando eu chego ele já está lá, mas nesse dia foi como se eu tivesse sentido que ele havia chegado; me senti diferente, passei a vê-lo diferente. É uma coisa que eu não sei explicar e que não consigo aceitar, pois sou casada e não me permito sentir qualquer sentimento por outro homem. Nunca senti nada por outro homem a não ser por meu marido, nunca houve espaço pra isso, meu marido sempre me satisfez e nunca me deixou sentir carência nem deixou espaço pra que eu me sentisse envolvida com outra pessoa.

Mas o que acontece é diferente. Meus olhos procuram por ele mesmo sem eu querer. Inicialmente, achei que era por conta do sonho e que ia passar, mas depois vi que a coisa estava passando do limite. Sentia a necessidade de vê-lo, meus olhos procuravam por ele e era como se meu corpo necessitasse; mas não tem nada a ver com tesão, sexo, essas coisas. É diferente. Quando o procuro e não o vejo, fico impaciente e tudo isso me deixa muito péssima, pois sou casada, não queria sentir isso. Já chorei, implorei pedindo a Deus pra que tire isso de dentro de mim, mas eu sinto dentro de mim que é um sentimento bom que me faz muito bem e me deixa feliz. Tento me controlar, não olhar, mas parece que é involuntário, como se algo que não sei dizer, nem sei o que é, me levasse até ele. 

Dia desses, ele chegou até mim e senti uma mistura de sensações. Não consegui fazer nada, como se o corpo dele tivesse emanado uma coisa que me deixou trêmula, nervosa, ansiosa... Não consegui fazer mais nada. Se eu estivesse em pé na certa teria caído. Errei os procedimentos. Nossa eu nunca, mas nunca mesmo havia sentido algo do tipo, nem por meu marido, que considero o homem que mais amei até hoje. Não consigo entender o que está se passando comigo, como pode uma mulher feliz com seu casamento consegue sentir por outro homem algo que sequer sentiu por seu marido, nem por outro homem que já tenha passado em sua vida. Na verdade eu estou parecendo uma adolescente vivendo o seu primeiro amor, aquele que te deixa com as pernas bambas, que faz seus olhos brilharem, que faz seu coração bater forte quando vê, que sente falta quando os olhos procuram e não acham, eu na verdade só pensei que isso fizesse parte das histórias, de novelas. 

O mais interessante é que nós sequer trocamos uma palavra, mas nos sonhos, sempre conversamos. No ultimo, conversávamos bastante e eu via algo diferente em seus olhos, são sempre conversas sutis, que me fazem sentir e acordar bem. Por favor me ajuda a entender o que se passa, se há uma explicação no espiritismo ou uma ligação de outras vidas, ou se isso é só imaginação da minha cabeça, confesso que não sou de acreditar nessas coisas de amor de outras vidas ou ligação de outras vidas, mas já procurei várias explicações para isso e não encontro. Já pedi a Deus nas orações pra que me ajude e tire isso da minha cabeça, mas tudo continua e, pior, continuo a sonhar com ele. E tenho até medo de falar com ele ou chegar perto e sentir novamente o que senti, porque não acho certo sentir isso por um homem eu sendo casada. Quero entender como posso nutrir por uma pessoa que nem tenho intimidade um sentimento que faz com que o sinto por meu marido parecer tão pequeno.

Infelizmente essa é a verdade, não consigo tirá-lo de minha cabeça, vivo pensando nesse rapaz. Quando estamos no mesmo ambiente, sinto que algo quer me levar até ele, meus olhos por mais que eu controle, o procuram mesmo que não queira. Já pensei até em pedir demissão, mas quando penso nisso é como se algo em mim entristecesse só de pensar que vamos ficar longe. É inexplicável, quero uma explicação pra isso pra poder seguir em paz. Já convivi com vários homens, seja na vida pessoal, no ambiente de trabalho; homens que chamariam atenção de qualquer mulher, mas que nunca me atraíram, mas agora de repente isso me acontece. Me ajudem por favor, se houver uma explicação, me dê por favor. Eu preciso tirar isso da minha cabeça, sinto-me péssima em sentir isso, sinto-me a pessoa mais pecadora do mundo em nutrir por outro homem um sentimento que a mim parece maior que o que tenho por meu marido. Desculpe, mas estou desesperada!"


K.
Depoimento por e-mail



CARTA EXTRAVIADA 



1. caminhante, passou por mim em passos lentos com uma blusa que jamais o vi usar e um cavanhaque ele que tinha o rosto imberbe e cujas blusas eu lavava
todas cruzou por mim na calçada e me olhou com olhos novos
da mesma cor de antes mas eram olhos outros que viram virgindades durante o nosso tempo apartado era ele mas era outro, e eu era eu mesma, e outra e a distância entre nós era bem mais longa que aqueles passos curtos
e o tempo entre nós era infinito no nosso desconhecimento mútuo ele que tanto amei e ele a mim, que trocamos beijos mais
que íntimos suas cicatrizes pelo corpo que lambi, e ele aos meus
seios ele que não me foi secreto por anos e eu por ele igualmente traduzida
caminhante, hoje passou por mim como se não houvesse passadoele, em passos lentos, fez um sinal educado com a cabeça
eu, com meio-sorriso, fiz que não tinha importância.





HÁ DOIS MIL ANOS



Alma gêmea da minh'alma,
Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão!...

Quando eu errava no mundo,
Triste e só, no meu caminho,
Chegaste, devagarinho,
E encheste-me o coração.

Vinhas na bênção dos deuses,
Na divina claridade,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor!...

És meu tesouro infinito,
Juro-te eterna aliança,
Porque sou tua esperança,
Como és todo o meu amor!

Alma gêmea da minh'alma,
Se eu te perder, algum dia,
Serei a escura agonia
Da saudade nos seus véus...

Se um dia me abandonares,
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores
Da claridade dos céus...

Emmanuel
(Do livro "Há Dois Mil Anos, F.C. Xavier)