Dos sabores que sinto falta
Sua boca é o primeiro
Saliva morna, loucura incauta
De entrega e beijo inteiro
Mas em disputa acirrada
Vem em seguida nossa melodia
Cacofonia ou sinfonia adorada
Que você me segredava todo dia
Seu abraço com cheiro de casa
Aconchego, morada e fortaleza
Seus pés no chão me davam asa
Lugar de pouso e certeza
Sua voz era doce alento
Todo dia uma nova canção
Era a musa do seu tormento
Era a paz do seu coração
Mas das páginas do meu livro
Você simplesmente se arrancou
Nada de epílogo, ou personagem vivo
Todos morreram, a história findou
Se uma última palavra tivesse contigo
Seria a ti uma pergunta, última questão
Qual foi meu erro, mereço castigo?
Porque se foi sem explicação?
Eu que acreditava escalar uma montanha
Estou agora em queda livre no abismo
E diante de derrocada tamanha
Me resta em puro e justo egoísmo
Mesmo podendo ser chamada tacanha
Tornar só minha nossa canção em um derradeiro sofismo
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