sábado, 13 de julho de 2013

Nossa (minha) canção


Dos sabores que sinto falta
Sua boca é o primeiro
Saliva morna, loucura incauta
De entrega e beijo inteiro

Mas em disputa acirrada
Vem em seguida nossa melodia
Cacofonia ou sinfonia adorada
Que você me segredava todo dia

Seu abraço com cheiro de casa
Aconchego, morada e fortaleza
Seus pés no chão me davam asa
Lugar de pouso e certeza

Sua voz era doce alento
Todo dia uma nova canção
Era a musa do seu tormento
Era a paz do seu coração

Mas das páginas do meu livro
Você simplesmente se arrancou
Nada de epílogo, ou personagem vivo
Todos morreram, a história findou 

Se uma última palavra tivesse contigo
Seria a ti uma pergunta, última questão
Qual foi meu erro, mereço castigo?
Porque se foi sem explicação?

Eu que acreditava escalar uma montanha
Estou agora em queda livre no abismo
E diante de derrocada tamanha
Me resta em puro e justo egoísmo
Mesmo podendo ser chamada tacanha 
Tornar só minha nossa canção em um derradeiro sofismo

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