9 da manhã.
Medo na garganta, fogo na pele, olhar impúdico.
Apressa o passo, atiça o fogo, a língua a arder, a boca aos ais
10 da manhã.
A mão na perna, a urgência nos olhos, o calor dele, a fome dela.
Corpos que chocam, beijos vorazes comem por dentro
lambem por fora, desnudam prazeres.
Derrete as mãos no cabelo dele, esculpe-o a cinzel, procura-lhe a vida.
No aperto dele, quase um temor, uma reverência.
Despe-a e encontra-a.
Rasga a fronteira, estala o pudor, vai-se mais fundo.
Solta o gemido, dança-o nas pernas, sorve-lhe o âmago
abre-se nele.
12 horas e o sol empina no horizonte.
Cavalgam ondas na cama anónima
e a tarde lúbrica estende-os no chão.
Música toca, velas acendem, lençóis engelham no calor do cio.
Palavras loucas rugem na tarde novos caminhos e desafios.
Ternos abraços, corpos de aço, laços e passos.
As horas escorrem suor e seiva, o grito é língua entre os cicios.
Morre mil vezes, parte-se em duas, faz parte dele.
Olhos de deusa, mítico oculto, fera voraz.
Há arremessos na tarde cálida, galopes ébrios , ventres a arder.
E chega a hora e a fome fica, rasga o abraço, parte o enlace
e mora a saudade no último beijo
© Margarida Piloto Garcia.
(todos os direitos reservados)
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