sexta-feira, 11 de maio de 2012

TÉCNICAS DE REGRESSÃO A VIDAS PASSADAS - Hugo Lapa



A Terapia de Vidas Passadas vem demonstrando sua eficácia através de uma série de técnicas e procedimentos. Algumas das técnicas apresentadas são provocadas e outras fazem brotar o conteúdo da memória de forma espontânea. Para acessar as vidas anteriores e realizar esse “deslocamento no tempo”, revivenciar o episódio ocorrido, algumas técnicas podem ser utilizadas. As mais conhecidas são:

Hipnose Regressiva: A Hipnose é difícil de ser definida, mas é comumente compreendida como um estado alterado de consciência: diferente dos estados de vigília, sonho e sono profundo, onde o indivíduo hipnotizado aumenta sua sensibilidade em relação às sugestões do hipnotizador e dos seus próprios processos internos. Apesar de ter seu nome batizado por James Braid com base no deus grego Hipnos (deus do sono), essa abordagem nada tem a ver com adormecer ou sonolência. Contrariamente aos shows e sensacionalismo que no passado a fizeram desacreditada, hoje ganha cada vez mais prestígio diante da comunidade científica e da população em geral.

Através de testes científicos modernos e pesquisas empíricas, a eficácia da Hipnose já foi demonstrada. Geralmente ela é realizada com o movimento do pêndulo, do dedo, com a voz humana, através da sugestão de uma personalidade influente, sons rítmicos etc. Depois de estabelecido o estado hipnótico, pede-se à pessoa para ir à origem do seu problema, regressando no tempo, que pode estar na vida atual ou numa existência passada.

É importante dizer que a Hipnose pode ocorrer não apenas em consultório, mas na quase totalidade da vida humana, induzida pelos mais diferentes estímulos. No consultório, para haver tratamento eficaz, o paciente precisa confiar no terapeuta, ter boa relação com ele e desejar o processo.

Relaxamento Progressivo Induzido: Uma variante dessa técnica é também utilizada dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental, conhecida como Relaxamento Muscular Progressivo de Jackobson. No relaxamento progressivo induzido pede-se à pessoa que concentre a consciência em diversas partes do corpo: primeiro nos pés, depois nas pernas, abdômen e assim por diante. Essa sensibilização induz um estado de relaxamento que se generaliza para todos os outros níveis – como emocional e mental –abrindo nossos canais perceptivos. Porém, o inconveniente desta técnica está no enorme dispêndio de tempo que geralmente é necessário. Algumas pessoas podem já iniciar a regressão mesmo durante o relaxamento, o que demonstra que cada pessoa tem um ritmo. Talvez essa metodologia seja produtiva para alguns, mas muito demorada para outros.

A Indução Direta pela Via das Imagens Mentais: Nessa abordagem, vamos criando um cenário imaginativo, através da visualização de imagens, e induzindo o indivíduo a mergulhar num estado mais profundo de consciência. As imagens mentais ajudam a focalizar no mundo interior da pessoa. Num determinado momento, as imagens provocadas vão cedendo lugar a imagens espontâneas, originadas do inconsciente da vida atual e de vidas anteriores.

Essa técnica de indução é bem sutil e recomendada, porém, ela se concentra demasiadamente nas imagens da mente, o que pode dar uma falsa impressão de que a regressão ocorre somente se a pessoa “enxergar mentalmente” o conteúdo, o que não é exato do ponto de vista terapêutico. Na verdade, a regressão pode ocorrer não apenas pela via imaginativa, mas também pela via física, emocional e mental. Falaremos dos diferentes níveis da regressão num tópico próximo.

A Viagem Xamânica: Esta abordagem é divulgada por terapeutas como Judy Hall e outros. Na viagem xamânica a pessoa faz uma regressão geralmente orientada por um xamã que já tenha passado pela experiência, tenha conhecimento e vivência do xamanismo. A regressão xamânica também pode ser realizada pelo próprio xamã em benefício da pessoa, como uma captação psíquica, porém essa abordagem já extrapola o âmbito das experiências da TVP. Algumas vezes nessa técnica são utilizadas plantas sagradas para o contato interior. Outras vezes, podemos usar tambores, sons e cantos, como meio de induzir o transe.

Restauração da Alma: Nessa técnica, também originária do xamanismo, o próprio xamã ou o atendido “viajam” no tempo até o tempo e o espaço onde se encontra uma “parte perdida” do sujeito. Após o reconhecimento da existência de uma personalidade de vida passada ou subpersonalidade (explicaremos mais à frente a diferença de ambas), a pessoa pode libertar essa parte aprisionada e desacorrentá-la do passado, integrando-a ao eu espiritual do indivíduo. Apesar desta não ser exatamente uma técnica de indução, ela tem valor terapêutico e pode ser aplicada dentro de qualquer uma das técnicas conhecidas de regressão. É aconselhável realizá-la após uma sessão de regressão, quando a pessoa percebe a situação que sua personalidade de vida passada se encontra no astral (Exemplos: se tiver passado a vida presa, pode ainda encontrar-se nessa prisão. Se foi morte com um machado, pode ainda estar com a ferida da arma e presa a esse trauma. Se foi uma prostituta, pode ainda estar realizando orgias etc)

Massagens: As massagens podem provocar a emergência espontânea de conteúdo, principalmente quando massageamos partes do corpo que guardam memórias de experiências de vidas passadas. Por exemplo, uma pessoa pode receber uma massagem na perna e sentir uma tensão originária de uma situação pretérita onde ela teve a sua perna cortada na vida anterior. Isso pode trazer à tona uma série de conteúdos psíquicos associados à experiência.

Concentração em pontos específicos e nos chakras: Esses pontos seriam portas de entrada para experiências de diversos tipos, que incluem a vivência de encarnações passadas. Albert de Rochas, um dos primeiros a realizar a regressão hipnótica, fala de alguns desses pontos: ele identificou como atrás da orelha, no peito, nas costas e nos pulsos. Há um ponto situado em cima do coração, que dizem induzir a visão de vidas pretéritas. Muitos terapeutas utilizam-se da focalização nos chakras para levar uma pessoa a uma vida passada. De acordo com essa teoria, os chakras são os grandes depositários dessas memórias, cada chakra dentro do nível de experiência que lhe é próprio. Exemplo: a focalização no chakra básico pode trazer à consciência uma encarnação onde a vivência predominante foi a sexual, como vidas de promiscuidade ou prostituição. O chakra cardíaco pode fazer emergir uma sensação de uma vida onde houve uma desilusão amorosa, ou emoções de diversos tipos. O chakra frontal pode, por exemplo, levantar o véu de uma existência onde a pessoa foi um sacerdote dotado de capacidades psíquicas e grande conhecimento de assuntos espirituais, e assim por diante.

Indução Arquetípica: Esta forma de regressão envolve imagens com forte conteúdo simbólico. Os significados são assimilados pelo eu interior, que responde com as informações requisitadas pela via simbólica. Nesse caso, o símbolo vai ativando em nossa consciência as situações que provocam a regressão. Por exemplo, “você está numa estrada de terra infinita. Essa estrada representa o seu caminhar espiritual ao longo das encarnações sucessivas. Você agora vai tomar o caminho inverso e vai retornando pela estrada, até chegar num local onde há uma passagem para várias outras estradas. Cada um desses caminhos diferentes representa uma vida passada. Você deverá agora identificar qual opção o conduzirá à vida mais importante que você precise tratar no atual estágio da terapia.” Podemos observar que cada aspecto da indução contém um símbolo que nosso eu interior vai traduzindo e nos conduz a uma vida passada.

Focalização no problema: Uma técnica muito simples e que pode ser aplicada juntamente com outros métodos é a da focalização no sintoma, problema, questão, conflito etc. Dessa forma, pedimos à pessoa que pense no problema e mantenha sua consciência focada nele. A concentração no conteúdo pode trazer as memórias que são as causas associadas aos seus respectivos efeitos. Se eu focalizo a mente num conflito atual, posso trazer a causa desse conflito de vidas anteriores. Quando prestamos atenção num tema, atraímos todos os conteúdos associados, que podem originar-se de situações atuais ou de encarnações passadas. Através da investigação e aprofundamento das informações emergentes, podemos levar a pessoa a regredir ao momento da origem do problema, ou de situação correlacionada a esse.

Verbalização e repetição do conteúdo: Esta metodologia foi amplamente utilizada por Morris Netherton, um dos fundadores da Terapia de Vidas Passadas. Muitas vezes, observamos frases ou chavões repetidos pela pessoa e meio fora de contexto. As pessoas lançam frases avulsas ou ressaltam pontos de seu discurso mais do que outros. Uma expressão fora de ordem ou destacada do tema pode revelar uma porta de entrada verbal para a regressão. Uma pessoa pode dizer “estou cansada de levar pauladas da vida” (numa vida anterior isso pode ter ocorrido literalmente). Ou então, “não há saída” (período de seca, a esposa mata os filhos e ele mata a esposa e se mata, exemplo dado pelo próprio Netherton em sua obra). Netherton então pedia à pessoa para repetir essa frase em voz alta várias vezes até surgir uma imagem, uma cena, uma emoção, uma descarga de uma vida anterior. Assim, a regressão pode ter seu ponto de entrada estabelecido.

Passes Magnéticos: O surgimento da Hipnose se deu através do mesmerismo, técnica de cura magnética desenvolvida por Franz Anton Mesmer. Mesmer se formou em medicina, mas acreditava no espiritual, havia lido as obras de Paracelso e buscava na medicina a explicação para as leis da correspondência – que define as analogias entre o inferior e o superior, o humano e o divino, princípio que concebe o ser humano como uma miniatura do Universo. Esta idéia foi muito defendida pelos ocultistas antigos, estabelecendo-se como princípio básico que orientou as ciências ocultas e espirituais do passado, consideradas “proibidas” na época, como Astrologia, Alquimia, Hermetismo etc.

Mesmer acreditava que o magnetismo existia não apenas na natureza, mas era um fluido que emanava dos animais e homens, de sua própria vitalidade, recebendo o nome de “magnetismo animal”. Tratava-se de um fluido invisível, um magnetismo que poderia ser transferido a outra pessoa, e o mais importante, poderia trazer a cura de moléstias físicas. Apesar da grande popularidade de Mesmer e das curas que foram anunciadas, a Academia Francesa de Ciências e a Real Sociedade de Medicina criaram uma comissão formada por membros como Benjamin Franklin e Lavoisier, que acabou por rejeitar as pesquisas de Mesmer, taxando a descoberta do magnetismo animal como pura sugestão. Nos dias de hoje, o “magnetismo” é amplamente utilizado e seus efeitos há muito já foram demonstrados, embora essas pesquisas não sejam muito divulgadas.

Desde a época de Mesmer, alguns mesmeristas, em especial o Marquês Chastenet de Puységur (que teve o primeiro caso de Hipnose registrado) começaram a perceber que o magnetismo animal, quando aplicado, poderia induzir uma pessoa a uma espécie de sono magnético, onde entrava-se num estado mais profundo de grande sensibilidade interna e externa, ficando sugestionável aos comandos do mesmerista. Victor Race, um dos pacientes do Marquês Chastenet de Puységur, se viu curado de dores torácicas e dispnéia após o “sono misterioso”. A partir desse momento, apareceu a Hipnose e outras técnicas de indução também surgiram, mas a aplicação do magnetismo animal ficou conhecida como uma possibilidade de estabelecer um estado hipnótico.

Hoje em dia, o magnetismo animal tomou formas diversas, uma delas é bem conhecida dentro do Espiritismo como “passe magnético”. Dentro da Igreja Messiânica, o mesmerismo encontra paralelo no “Johrey”. Outra técnica conhecida é a “Cura Prânica”, desenvolvida por Choa Kok Sui. Outra abordagem de cura magnética é a chamada Polaridade, originária das pesquisas de Richard Gordon, que consiste no equilíbrio das energias polarizadas do corpo através do magnetismo irradiado pelas mãos.

Muitos não sabem, mas o “passe magnético” pode facilmente induzir alguém ao transe. Apesar do passe não constar nas obras básicas espíritas, ele é amplamente reconhecido como um recurso poderoso de tratamento energético e muitos dos seus efeitos já foram demonstrados por testes com metodologias científicas. O Livro “Medicina Vibracional” de Richard Gerber, traz algumas destas experiências científicas que valem a pena ser pesquisadas pelos interessados.

Watsu: Trata-se de um trabalho corporal originário do Zen-Shiatsu e fundado na califórnia por Harold Dull em 1980. O Watsu é realizado dentro da água, geralmente uma piscina, onde o terapeuta utiliza uma série de movimentos que induzem a estados profundos de relaxamento. O empuxo da água produz a diminuição da gravidade, o que ajuda no relaxamento dos músculos e do corpo inteiro. No Watsu, a pessoa pode ser colocada na posição fetal e isso pode provocar uma regressão espontânea, com uma catarse, uma lembrança, uma sensação ou sentimentos relacionados à experiência intra-uterina.

Os componentes dessa revivência são a água (que representaria o líquido amniótico), a posição fetal e o estado de relaxamento. De acordo com algumas tradições espirituais, a água possui uma propriedade de purificação e dissolução e tem muita relação com nossas emoções. A água é conhecida em algumas correntes de pensamento místico como o “agente universal de dissolução”. Quando estamos imersos na água, podemos ter experiências espirituais, é o caso de quando tomamos banho no chuveiro, muitas vezes não sentimos vontade de sair e começamos a perceber imagens que brotam espontaneamente. O simbolismo do batismo tem como princípio a capacidade de dissolução da água, relacionado a dissolução de emoções negativas. Há, inclusive, técnicas ensinadas por Ordens Iniciáticas que permitem ao discípulo integrar-se com a “essência” do elemento água.

Essa emergência de conteúdos psíquicos relacionados ao período da gestação é muito comum no Watsu e pode trazer memórias associadas a essa fase dentro da vida atual, ou de vidas passadas. A pessoa pode chorar, ter sensações diversas e sentir toda a carga associada às experiências uterinas. Muitos praticantes de Watsu procuram dar explicações fisiológicas ao fenômeno, mas em verdade, se fosse apenas um fenômeno puramente fisiológico seria mais provável que todas as pessoas apresentassem a experiência de afloramento e não apenas algumas. De qualquer forma, o Watsu é considerado uma técnica que pode estimular uma regressão espontânea e pode trazer muitos benefícios à pessoa quando bem aplicada.

Hiper-oxigenação: Esta técnica, ainda pouco utilizada, pode ter o efeito de emergir imagens espontâneas de vidas passadas. Através do uso da respiração, podemos induzir a pessoa a um estado alterado de consciência onde as experiências de vidas passadas são possíveis. Esse método é utilizado também para cura: além de trabalhos médicos, existe também a chamada respiração holotrópica, técnica terapêutica desenvolvida por Stanislav Grof, um dos principais nomes da Psicologia Transpessoal. A Respiração Holotrópica induz a pessoa a estados de consciência mais profundos, onde experiências que rompem os limites de nossa consciência podem ser alcançados. Exemplos dessas experiências que tem uma mais direta ligação com nosso trabalho de TVP estão contidas no livro “Psicologia do Futuro”, são elas:

1) Transcendência de barreiras espaciais (identificação com outras pessoas, com animais, com plantas, com seres e mundos extraterrestres etc).

2) Transcendência de barreiras temporais (experiências embrionárias e fetais, experiências ancentrais, experiências de encarnações passadas, experiências cosmogenéticas etc)

3) Explorações Experienciais do Micromundo (consciência celular, do DNA, experiências no mundo dos átomos e partículas subatômicas etc)

4) Extensão Experiencial Além do Espaço-Tempo e Realidade Consensual (experiências espíritas e mediúnicas, experiências com espíritos de animais, visitas a universos paralelos e encontros com seus habitantes, experiências mitológicas, compreensão intuitiva de símbolos universais etc)

Substâncias Alucinógenas: As lembranças de encarnações passadas podem ser ativadas por intermédio de certas substâncias alucinógenas. Porém, da mesma forma que a auto-regressão, a regressão induzida desta forma pode verdadeiramente causar certo desequilíbrio psíquico a quem dela se utiliza. Já observei casos de certos conflitos inconscientes, transtornos e energias diversas virem à tona de uma forma tão descontrolada, que foram suficientes para desequilibrar a pessoa. Por isso, o uso desse método não é recomendado.

Visualização do passado em objetos: No livro “Investigando Vidas Passadas” de Raymond Moody, o autor explica que a técnica de fixar a atenção numa bola de cristal para visualizar nossas vidas passadas foi o procedimento de regressão que ofereceu melhores resultados dentre os testados por ele. Nessa técnica, a pessoa concentra o olhar na bola de cristal e aguarda o aparecimento de alguma imagem. Apesar de ser eficiente para o conhecimento das experiências passadas, esse método oferece poucos recursos terapêuticos e tem sua eficácia provavelmente baseada no medo da perda de controle do indivíduo durante as técnicas de indução mental.

De qualquer forma, a visualização de vidas passadas no cristal apenas nos mostra quem somos, mas não existem pesquisas que indicam uma finalidade terapêutica no tratamento das imagens que surgem. Além de vidas passadas, outras capacidades atribuídas aos cristais pelos estudiosos e praticantes das artes mágicas é a do conhecimento do futuro, a visão do plano astral, a visualização e diálogo com entidades espirituais, a percepção de cenas a grandes distâncias etc. Apesar desse conhecimento ser considerado fantástico para muitos, isto deve ser tratado com muita responsabilidade, pois o mau uso de tais prodígios implicará necessariamente em karmas muito pesados aos “aventureiros espirituais de plantão”, que deverão prestar contas de seus atos mais cedo ou mais tarde.

By Hugo Lapa - hugolapa.wordpress.com


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