sábado, 12 de maio de 2012

Abuso Sexual à mulher e à criança: Consequências, verdades e mitos - By Lena Lopes





Resolvi falar sobre o assunto, pois este é um tema que além de atual e comum em qualquer sociedade, não importa qual seja a religião, a camada social, raça e cor. O problema é uma ferida encrustada em nosso meio, acredito que não ninguém que não o conheça, seja na sua própria família, na vinhança ou tenha o visto muito próximo, se não conhece, pelo menos já ouviu falar. A amplitude do problema é vasto, desde a violência psicológica à física, da infância à velhice. Nossa responsabilidade diante do problema é denunciá-lo, a falta dela leva a sua perpetuação, tornando-o crônico e impune.


ABUSO SEXUAL


As experiências de abusos (físico, psicológico e sexual) no contexto do relacionamento íntimo entre pessoas, têm efeitos adversos a curto e em longo prazo, como por exemplo, a questão da violência contra a(o) companheira(o). De modo geral, as mulheres vítimas de abuso, recorrem mais freqüentemente a serviços médicos, ficam mais dias de cama e exibem mais sintomas de estresse e depressão, assim como pensamentos suicídas ou tentativas de suicídio, transtorno de estresse pós-traumático, baixa auto-estima, abuso de álcool e de outras drogas.
A curto prazo a convivência com abusos denotam em várias reações emocionais importantes como o medo, raiva, isolamento, ansiedade aguda, somatizações de funções organicas (palpitações, dores, falta de ar, etc), aumento gradual de doenças psicossomáticas (gastrointestinais, cardiocirculatórias, etc) e angústia.
As consequências da qualidade dos relacionamentos íntimos, sobre o estado de saúde físico e mental, têm sido cada vez mais estudados. Se continuadamente e a longo prazo o abuso sexual pode causar depressão, disfunção ou inaptidão sexual, uso excessivo e dependência de drogas e álcool, estresse pós-traumático e dissociamento (afastamento do convívio com outras pessoas) ou isolamento, sentimentos de elevada desconfiança em relação aos membros do sexo oposto, hipervigilância, tensão, sobressaltos e baixa auto-estima, critérios suficientes para levar ao diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno Depressivo Maior.
O abuso no relacionamento íntimo é um forte estressor, capaz de ocasionar na vítima um processo de alterações neuropsíquicas, de natureza orgânica. A importância das estruturas cerebrais e a troca de informações entre os estímulos recebidos, as respostas a acionar e a carga emocional respectiva, existe uma integração que modula a resposta imunológica e o controlo das respostas autonômica e endócrina. Isto é, o aspecto emocional age diretamente sobre o aspecto físico do abusado.
Experiências repetidas sobre o estresse psicológico e suas consequências emocionais negativas como depressão, hostilidade, raiva, agressão, estão todas fortemente relacionadas com o sistema imunológico e com a saúde geral.
Alguns autores e pesquisadores, compararam mulheres com e sem experiência de abuso pelo companheiro e observaram que as mulheres abusadas reportam maior número de sintomas físicos, tais como, dores de cabeça, dores de costas, doenças sexualmente transmissíveis, dor pélvica, corrimentos vaginais, dor no ato sexual, infecções urinárias, perda de apetite, dor abdominal, problemas digestivos, e outros problemas relacionados ao estresse crônico.


ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA




Até alguns anos atrás, o abuso sexual de crianças era tratado como um tabu na sociedade. Entretanto, de lá para cá essa proibição está sendo quebrada, principalmente por conta da ação de movimentos feministas, por ações e incentivos de organizações governamentais ou não e por incentivo de governos ou órgãos destinado à recepção de denúncias anônimas ou não. E o que tem sido denunciado e encontrado é alarmante, não apenas em relação à freqüência de tais práticas, mas também em termos de conseqüências biopsicossociais. A criança, além do sofrimento durante o abuso sexual, também sofre danos a curto e a longo prazo, precocidade efetiva modifica e compromete totalmente o desenvolvimento da criança. O poder adulto na relação, ou seja, o fato do adulto ainda possuir o papel de mandante, de dono e de ser superior, é fator determinante da violência contra crianças, baseada numa cultura centrada na opinião que o adulto sabe tudo e pode tudo. Outro fato importante para a impunidade do abuso sexual infantil, é a superioridade que certos homens exercem sobre certas mulheres no âmbito familiar, ou sejam, a parte masculina impõe-se através do medo e da ameaça.
Caracteriza-se como abuso sexual, quando alguém se utiliza de uma criança para sentir prazer sexual e é veemente, quando a criança é incapaz ou não tiver idade para compreender, consequentemente provocando culpa, baixa auto-estima, problemas com a sexualidade, dificuldade em construir relações duradouras e falta de confiança em si e nas pessoas, sua visão do mundo e dos relacionamentos se torna muito diferente do jeito das outras pessoas.


A RESPONSABILIDADE DA DENÚNCIA


Diante diante, quando do conhecimento de uma situação de abuso sexual é importante amparar a vitima, dando apoio, amizade e transmitindo segurança, pois ela estará com sua confiança abalada e geralmente não acredita que alguém possa ajudá-la.
Importante é, procurar ajuda para que o caso possa ser denunciado, pois é através da denúncia que podemos combater o problema, a omissão, além de permitir a continuidade e da impunidade do abuso, também é crime, punido por lei. Entretanto, fechar os olhos e fingir que o abuso sexual “só pode acontecer na família dos outros”, é o mesmo que negar sua existência. Deixar de denunciar favorece sua perpetuação do problema.

É necessário romper o pacto de silêncio que encobre as situações de abuso e contra mulheres, crianças e adolescentes. Não podemos nos esconder atrás do medo ou não dar a significância e importância apropriada para o fato. Denunciar é a única forma de ajuda efetiva.
Existem orgãos oficiais aos quais podemos recorrer e fazer a denuncia, são alguns deles:


Delegacias da Mulher:
Tem por principio, assegurar tranqüilidade da população feminina vítima de violência, através de investigação, prevenção e repressão dos delitos praticados contra a mulher, auxiliar as mulheres agredidas, seus autores e familiares a encontrarem o caminho da não violência, através de trabalho preventivo, educativo e curativo efetuado pelos setores jurídico e psicossocial.

Conselhos Tutelares
Os Conselhos Tutelares foram criados para zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e adolescentes. Cabe a eles, receber a notificação e analisar a procedência de cada caso, visitando as famílias. Se for confirmado o fato, o Conselho deve levar a situação ao conhecimento do Ministério Público.

Varas da Infância e da Juventude
Nos município onde não há Conselhos Tutelares, as Varas da Infância e da Juventude podem receber as denúncias.

Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescentes
Compete a investigação e apuração de fatos em que a Criança ou o adolescente aparecem como vítimas.

DISQUE 100
O serviço do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
Por meio do 100, o usuário pode denunciar violências contra crianças e adolescentes, colher informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes desaparecidos, tráfico de pessoas – independentemente da idade da vítima – e obter informações sobre os Conselhos Tutelares.
O serviço funciona diariamente de 8h às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme a competência, num prazo de 24h. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo.


MITOS E VERDADES


1 - O agressor sexual normalmente é um psicopata, um tarado ou doente mental que todos reconhecem.
Na maioria das vezes, é uma pessoa aparentemente normal, até mesmo querida pelas crianças e pelos adolescentes.


2 - Pessoas estranhas representam perigo maior às crianças e adolescentes.
Os estranhos são responsáveis por um pequeno percentual dos casos registrados. Na maioria das vezes os abusos sexuais são perpetrados por pessoas que já conhecem a vítima, como por exemplo o pai, a mãe, madrasta, padrasto, namorado da mãe, parentes, vizinhos, amigos da família, colegas de escola, babá, professor(a) ou médico(a).


3 - O abuso sexual está associado a lesões corporais.
A violência física sexual contra crianças e adolescentes não é o mais comum, mas sim o uso de ameaças e/ou a conquista da confiança e do afeto da criança. As crianças e os adolescentes são, em geral, prejudicados pelas conseqüências psicológicas do abuso sexual.


4 - O abuso sexual, na maioria dos casos, ocorre longe da casa da criança ou do adolescente.
O abuso ocorre, com freqüência, dentro ou perto da casa da criança ou do agressor. As vítimas e os agressores costumam ser, muitas vezes, do mesmo grupo étnico e sócio-econômico.


5 - O abuso sexual se limita ao estupro.
Além do ato sexual com penetração (estupro) vaginal ou anal, outros atos são também considerados abuso sexual, como o voyeurismo, a manipulação de órgãos sexuais, a pornografia e o exibicionismo.


6 - A maioria dos casos é denunciada.
Estima-se que poucos casos, na verdade, são denunciados. Quando há o envolvimento de familiares, existem poucas probabilidades de que a vítima faça a denúncia, seja por motivos afetivos ou por medo do agressor; medo de perder os pais; de ser expulso(a); de que outros membros da família não acreditem em sua história; ou de ser o(a) causador(a) da discórdia familiar.


7 - As vítimas do abuso sexual são oriundas de famílias de nível sócio-econômico baixo.
Níveis de renda familiar e de educação não são indicadores do abuso e as famílias das classes média e alta podem ter condições melhores para encobrir o abuso. Nesses casos, geralmente as crianças são levadas para clínicas particulares, onde são atendidas por médicos da família, encontrando maior facilidade para abafar a situação.


8 - A criança mente e inventa que é abusada sexualmente.
Raramente a criança mente sobre essa questão. Apenas 6% dos casos são fictícios.


NÃO SE ABSTENHA, DENUNCIE!


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