Fosse eu o dono de todas as línguas,
em lugar algum do mundo, palavras e frases sem
sentido voltariam a ser ditas.
Riscaria os “mais ou menos”, os “assim-assim”
e os “a ver vamos”. “Sim” e “não” bastariam,
e as línguas que se guardam nas bocas poderiam dizer
“ainda não” ou “já sim”: simples assim.
“Amo”, por culpa dos seus banalizadores, seria banida – teria que ser.
Ninguém “ama” chocolate, ninguém “ama” batata frita,
e ninguém “ama” ficar na praia.
Não se ama coisa alguma (não pode), só se pode amar alguéns.
Por conta dos olhos dos amados – esses protetores –
ficaria, contudo, em exclusivo,
a conjugação do verbo “amar”. “Eu amo-te”,
encheria os seus olhos até um dia
porque, um dia, eles di-lo-iam de novo à boca cheia.
Como deve ser.
By Sérgio Lizardo
(encomenda de livros autografados e com dedicatória exclusiva: sergiolizardo.livros@gmail.com)
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