domingo, 26 de maio de 2013



Quero-te mas não te posso querer e por isso amanheço em ti ao anoitecer, enquanto os anjos, numa roda viva, varrem as estrelas do céu. 
Dizes-me estou vivo e não percebes que vivo em ti! 
Volátil e ao mesmo tempo firme este sentimento de sempre. 
É sempre nesta penumbra de fim de dia que apago a fogueira, que te apago de mim, control+alt+del e derrapamos no limbo, 
na fronteira sem cor entre a realidade e o não sonho… 
às vezes ficas-te nesse descontentamento mas outras gritas, gesticulas, persegues-me. Às vezes sim e às vezes não.
Mais tarde aninho-me no canto chão da minha vida e finjo que não há sombra, finjo que não existes, finjo que não há lobo nem capuchinho vermelho e finjo que nem reparo no paradoxo do querer e não querer, nem nos escombros resultantes da inexistência de pontes - nem de fumo.
À noite há o cigarro apagado, os livros alinhados, o cheiro a velas de coco espalhado no ar…à noite há um enorme baú entreaberto cheio de identidades falsas e provisórias, meras pontes de passagem para dentro de mim, meros códigos indecifráveis, meros hiatos entre as memórias vivas e os esquecimentos.
À noite tens saudades minhas? 
 Não. Não me digas a resposta.


Olívia Santos


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