sexta-feira, 31 de maio de 2013


Fragmento estruturado 


Chegava bem leve, sereno 
E do meu beijo levava um pedaço
No outro dia, tão doce, ameno
Tomava inteiro meu abraço
“O que levo, é um pedaço pequeno”
dizia. Pra que eu não saísse desse laço

Mais algumas noites se passaram
E consigo foi meu corpo quase completo
Comigo, alguns fragmentos ficaram
Mas eram inúteis sem que estivesse por perto
E “se” vinha, meus pedaços voltavam
Ansiando, seus (já raros) lapsos de afeto

Quando o mês se findou
Foi minha mente quem partiu
O pensamento vazio ficou
Sem raciocínio, a inteligência sumiu
O calculo se foi, a leitura acabou
Dois mais dois eram cinco, em minha conta senil

A alma foi a próxima, mas sozinha já estava
Todos os sentimentos, colocados na gaiola
Sentidos voltados a um amor que ignorava
Pedaços que não se juntam com cola
Pra ser levado, mas nada faltava...
Perdi a alma e recebi de troco esmola

Então quis minha poesia, meu escrever
Queria minhas letras, minha prosa, meu verso
Como por encanto, vi o nó se desfazer
A magia acabou, o truque se fez inverso
De todos os fragmentos que formam meu ser
Meu inteiro que não pode ser imerso

Minhas palavras que não se podem prender
São só minhas, de quem eu quiser, e do universo



Laisa Ricestoker 


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