quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


...geme a ondulação


“a vida é sempre a perder”, será?

,refundem-se os ecos por entre nuvens
em cirros adormecidos,
nesta procela sempre presente.

,os ecos presentes, agitam-se, agigantam-se.


(I)


,da afonia o grito estrebucha
pelas rochas escondidas em preia-mar,
qual vinho sorvido sem gestos,

dispensam-se palavras gastas,
tantas as ausências

que se atravessam, breves vaus abandonados
por um mar em calmarias, vazadas.



(II)


,quisera-se um dia o nevoeiro escondendo faróis,
imaginados,
sôfregos das inúteis salvações, naufrágios,

,quiseram-se apenas veleidades travestidas de vontades tantas,

e a vontade presente que seja absurda.

,os corpos, o mar, os náufragos, os outros,

que o outro seja, jamais um eu.



(III)


Afinal, acordo-me em sonho,
rendo-me, despojo-me, desnudo-me

nesse desfraldar das velas ufanadas, aprisionadas
ao estático mastro,



(IIII)


[geme a ondulação, regressa o tempo parado, presente,
presente...].



Textos de Francisco Duarte




Publicada por Ricardo Pocinho


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