quarta-feira, 30 de maio de 2012

NALDO VELHO - PRECISO DIZER QUE TE AMO




Preciso das manhãs friorentas de agosto,
resgatar em minha mente
a lembrança da delicadeza do teu rosto
e na solidão avarandada do meu tédio,
encontrar a palavra fazedeira
que seja a chave do poema
que eu não ouso concretizar.


Preciso do vento acariciando o cenário,
abrir portas, janelas, armários,
arejar prateleiras e gavetas...
Quem sabe naquele velho dicionário,
palavras que sejam aveludadas
e que possam extrair do poeta
a paixão que ele não ousa confessar.


Preciso das tardes chuvosas de inverno,
e na pieguice que me toma a alma,
espalhar pelo quarto, retratos, cartas, bilhetes,
e sonhar com pernas entrelaçadas,
saliva, suor, sêmen, saudade,
preciso resgatar a coragem
e gritar aos quatro cantos que te amo!


Preciso urgentemente de um conhaque,
de uma cigarrilha que seja cubana,
de uma música visceral e profana,
preciso acordar no meio da noite,
e ao sentir o teu cheiro no travesseiro,
encontrar minha inquietude de volta,
pois na calmaria eu não consigo mais viver.





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