Ao amanhecer naquela cidade eu via
pessoas em busca de coisas
essenciais para que pudessem viver,
mas ao mesmo tempo em que buscavam
perdiam outras inerentes ao seu ser.
E era um tal de olhar com os olhos dos outros
mas ao tentar falar não conseguiam
pois o que tinham a dizer já havia sido dito
por bocas que haviam acabado de perder.
E ao tentar escutar já não podiam,
pois seus ouvidos não mais lhes pertenciam,
e correr também não!
pois suas pernas num repente desapareciam
e não havia nada que pudessem fazer.
No amanhecer de um novo dia eu via
pessoas em busca de suas partes,
aquelas que no dia anterior perdiam,
e ao encontrá-las descobriam
que ainda assim lhes faltavam coisas
essenciais para que pudessem viver.
E era um tal de olhar com seus próprios olhos,
mas por mais que tentassem não conseguiam,
pois perceber ainda não sabiam,
e apesar de ouvir também não entendiam
o real significado das coisas
essenciais para que pudessem crescer.
Cidade estranha aquela!
Pois as pessoas que por ali moravam
depois de um tempo não mais sabiam,
se procuravam as partes que lhe pertenciam
ou se buscavam coisas que ainda não mereciam.
E assim viviam aqueles, dia após dia,
até que num determinado tempo,
libertados da agonia não mais amanheciam.
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