Havia um cheiro de nostalgia
nas palavras que ele inventava.
Há quem diga que ele gostava
de se vestir de outono,
só pra ficar patente os caminhos
que ele fora obrigado a trilhar,
e que costumava ficar abraçado à saudade
de um tempo que não existira
e que por isso ele inventava
os amores que tivera que abandonar.
Havia toda uma viscosidade tênue
nas palavras que ele costumava macerar.
Há quem diga que elas eram ardidas,
secreção originada das feridas
que o tempo não conseguira cicatrizar,
e que toda a vez que elas escorriam
o poeta transmitia um pouco
dos sonhos que não ousara sonhar.
Há quem diga muita coisa!
Mas só o poema sabia
dos fantasmas que moravam
naquele lugar.
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