sábado, 29 de junho de 2013

Soneto do Ódio


A despeito de meu atual aspecto,
Carcomido, amorfo e sem rutilância,
Já fui garbo, um elegante circunspecto,
Um módico ambicioso sem ganância.


Amei o lúdico, o estético, o singelo,
Garimpei sorrisos, amores, amizades,
Amealhei porém o oposto do belo,
Recebi de troco, torvas falsidades.


Me fiz então corsário, pirata, bucaneiro,
Singrei os mares buscando fama e dinheiro,
Remanescendo a dor de inocentes mutilados.


Avaliando minhas pilhagens, meu butim.
Restou-me um coração profligado e ruim,
Pelo ódio de todos os desgraçados.






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