Encontre entre essas sombras o reflexo que o espelho furtou.
E, na distorção dos escombros, contemple a força indefinível das derrotas e dos fracassos que resistem, moribundos, com o entusiasmo das sementes.
Vista-se, por gentileza.
Proteja o seu corpo dos leitos passageiros que se estendem nos portais – eles não pertencem a terra nenhuma.
Nunca pertenceram.
E, na afirmação teimosa do eu, derrame seus olhos de amêndoas sobre as fomes do absurdo insaciável.
Volte-se com todas as delicadezas que você tem.
Há mais asas na fragilidade dos seus vermelhos que numa revoada adejando esperançosas intermitências.
E, no contínuo que nos impulsiona mesmo quando nós nos negamos a fazer o que é preciso.
Revolte-se contra si mesma.
Dobre a aposta quando o destino blefar.
Amar requer um pouco mais que demais.
Talvez a interpretação física e metafísica do TUDO.
Mas por favor, não se esconda debaixo da cama ou atrás de uma árvore quando a vida quiser te jogar dentro do Coliseu para arrancar algumas cabeças metafóricas para que o teu existir, real, não sofra mais dores.
Enfrente-se.
Literatura do Desassossego
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