Embalada por sonhos de adolescente e fantasias carnavalescas, dançava a menina pelo salão.
Sorria despida de toda e qualquer realidade. Por trás de seus véus coloridos e esvoaçantes, perdida em meio a colombinas, odaliscas, pierrôs, piratas, fadas e bruxas, poderia viver qualquer sonho pois era carnaval!
O dia seguinte seria quarta-feira de cinzas, mas até lá, lançar-se-ia a uma noite de magia sem limites, sem culpa, sem dúvidas e sem compromissos.
No minuto seguinte, como se os deuses do carnaval pudessem ouvir seu mais profundo desejo, cruzou o salão um pierrô, com sua roupa preta e branca e um cinza pálido refletido em seu olhar, como todos os pierrôs aliás. Porém diferente de todos os outros.
Instantaneamente a menina roubo-lhe o olhar e o coração. Seus olhares sustentaram-se por alguns minutos, o que lhes pareceu uma eternidade. E no momento seguinte já dançavam juntos.
Entre confetes, serpentinas e lança perfume, pareciam ter esquecido todas as regras e protocolos. E na verdade por quê não esquecer? Se o tempo não para. Tudo o que a menina queria era aquela noite; sem elos. O mistério seria seu único guia
E para o Pierrô, a alegria tinha hora marcada para acabar. Tudo o que importava era o presente, por que o amanhã, seria para sempre…
"Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz
Saudade mau de amor, de amor
Saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca, eu peço paz …”
E num piscar de olhos, o salão estava vazio. E vazio também estava o coração do Pierrô, afinal, cumprindo sua sina, foi-se embora a menina.
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