Pode parecer estranho, mas acredito que a burrice que contamina o mundo de hoje tem, ao menos sob dois aspectos, origem relacionada à Igreja Católica, mas não pelas mentiras que contam seus inimigos. O problema, a meu ver, é mais embaixo.
Como sabem os que me conhecem ou frequentam este blog, não caio nas bobagens dos que dizem ser a Igreja Católica inimiga da Ciência, e até já escrevi aqui sobre isso. Se os exemplos de Copérnico e Galileu não bastarem, o livro do Thomas Woods elimina qualquer dúvida. Acontece que a burrice e a vulgaridade que empestearam a nossa sociedade nada mais são do que conseqüências, não da ação da Igreja, mas da sua falta de ação.
Desde pouco antes da Reforma, mas principalmente no século XVIII, quando os debates científicos começaram a acontecer fora da Igreja, as mentes privilegiadas de Roma não deram a devida importância ao desenrolar dos acontecimentos, e a influência dos autores anticlericais, anticatólicos e até mesmo anticristãos foi crescendo sem qualquer oposição consistente.
Enquanto padres, bispos e cardeais, além de abdicar da exposição pública aquelas respostas que já estavam assimiladas a todos os membros da Igreja, ainda contribuíram produzindo matéria-prima para o adversário, como foi o caso de Guilherme de Okcham com sua navalha, que após alguns séculos decepou a capacidade de perceber os diferentes níveis causais, comprimindo-os, sempre, na mais simplória delas, a causa material.
A Igreja criou armas para seu adversário e, ao omitir-se, contribuiu com o avanço da burrice.
É evidente que a Igreja não é a única culpada pelo atual estado de coisas. Muito longe disso. Creio que a intelectualidade tem culpa ainda mais evidente e mais condenável. Contribuíram para o desastre intelectual da nossa época os filósofos Descartes, ao exigir a demonstração para o indemonstrável; e Kant, ao separar o inseparável. Ambos inteligentíssimos, cometeram um equívoco no início do raciocínio, uma escolha de premissas falsas, e com a influência que tiveram, seus erros foram levados aos limites do absurdo. Com a ajuda de doentes mentirosos como Marx, e doentes geniais como Nietzsche, a cultura foi contaminada por raciocínios avessos à realidade e cada vez mais distantes da verdade. Teorias inverossímeis, improváveis e até impossíveis passaram a fazer sentido dentro de um universo mental coletivo repleto de premissas falsas.
Resumindo a culpabilidade da Igreja, sua omissão facilitou a difusão e aceitação de bobagens, seja sobre a Igreja e a religião, seja sobre a própria realidade. Por outro lado, muitos pensadores que saíram do Cristianismo se afastaram do que havia de melhor no pensamento cristão ao tentarem se afastar de tudo que estava relacionado à Igreja Católica. O Cristianismo, como estava simbolizado pelo Catolicismo, sofreu com os ataques à Igreja. E todo mundo saiu perdendo.
Esse afastamento dos valores da Igreja como forma de afastar-se da instituição Igreja, do qual a Igreja é vítima, mas os algozes também o são, além de abandonar todas as conquistas da tradição, levou à errônea interpretação de que o universo é caótico e sem sentido, o que leva, inapelavelmente, à desesperança, depressão, suicídio e outras maravilhas da modernidade, ao mesmo tempo que restringe miseravelmente o horizonte congnocível . O ateísmo dos nossos dias nasce aqui, assim como nascem neste momento todas as teorias modernas que pregam a impossibilidade do conhecimento verdadeiro. Nos dois casos limita-se a capacidade de conhecimento que dispomos, pela nossa própria natureza, e transforma o estudo, a filosofia e a ciência em uma masturbação mental que só pode ser usada ideologicamente, com um fim político. Abandona-se a verdade para fazer política, exatamente como ensinou Gramsci, um estrategista do emburrecimento coletivo.
Pelos frutos, conhecereis a árvore
Hoje, quem raciocina de acordo com o bom senso e a ordem natural da realidade é desprezado pela academia, que tem mais compromissos burocráticos do que necessidades cognitivas; e ignorado pela mídia, que busca justificar sua ignorância alegando desinteresse do público.
Quando olhamos o desenrolar de todo este processo, que culminou na era mais estúpida da História, para entender a origem de tanta burrice, vemos que durante alguns séculos este distanciamento esteve disperso por toda Europa e toma corpo no Iluminismo e vai evoluindo até chegar em Karl Marx, que aproveita alguns truques de Hegel para criar uma ferramenta de transformação da sociedade. Marx não era um gênio, mas não era burro, era um vigarista. Aproveitou-se da cisão entre razão e emoção proposta por Kant - que a propôs apenas como método de estudo e não como aplicação prática -, para justificar a idéia de uma sociedade materialista - a princípio, já que Marx não era ateu, mas um satanista conforme comprovam cartas que enviou ao seu filho.
Eu poderia finalizar este texto afirmando que a influência de Karl Marx na intelectualidade moderna é a causa de toda estupidez, mas estaria simplificando ao extremo. Poderia dizer também que a origem da burrice é o Iluminismo, mas não estaria sendo preciso. Estes contribuíram imensamente para esse avacalhado mundinho moderno, mas a burrice contemporânea, a qual eu agrego o sentido de baixaria, vulgaridade, desinteresse, irrelevância e futilidade, surge antes, o Iluminismo apenas a condensou e a modernidade marxista a transformou em um método.
O panorama onde surge o Iluminismo era rico e exótico. As idéias das mentes iluminadas ajudaram a agregar todas as formas de manifestação anticatólicas, das mais racionais às mais obscuras. É neste ambiente que surgem as idéias de um estado totalitário e emerge o poder das sociedades secretas, que vão mudar a política para sempre. Afinal, onde existe a necessidade do segredo e da incompreensão, a ignorância torna-se uma ferramenta de poder. Pense nisso.
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