sábado, 30 de novembro de 2013

Canção de Amor...

Eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
faria amor, assim, com as palavras. 
Eu cantaria mesmo que tu não existisses 
porque haveria de doer-me a tua ausência. 

Por isso canto. Alegre ou triste, canto. 
Como se, cantando, tocasse a tua boca, 
ainda antes da tua presença. 
Direi mesmo, depois da tua morte. 

Eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
ó minha amiga, doce companheira. 
Eu festejo o teu corpo como um rio, 
onde, exausto, chegarei ao mar. 

Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses, 
porque nada eu direi sem o teu nome. 
Porque nada existe além da tua vida, 
da tua pele macia, dos teus olhos magoados. 

Assim quero cantar-te, meu amor, 
para além da morte, para além de tudo. 


By Joaquim Pessoa
in 'Canções de Ex-Cravo e Malviver'

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