Ando sem rumo pelas ruas movimentadas em busca de uma pequena distração que possa tirar da minha mente desassossegada uma tonelada de lembranças boas que crescem dentro de mim como se fossem um poderoso e imponente tumor repleto de lembranças boas e sensações vestidas com uma camiseta branca escrita a palavra "leveza".
A cada pequeno e apressado passo, um olhar revoltado para o céu e uma pergunta incansável: "POR QUÊ?". Dentro desta caixa inútil de ossos imprestáveis e frágeis há um músculo idiota que não para de bombear vácuos, ele tem vida (im) própria e sente as mais intensas tristezas. Essa desgraça muscular cardíaca espalha inquietações pelos quatro cantos do meu sistema nervoso central, fazendo com que os meus olhos enxerguem situações que não existem e que a minha imaginação crie um manual completo com as maiores teorias idealizadas de encontros casuais que nunca acontecerão. Deus, o dono do playground chamado destino, não deixa (mentira... ele não quer mesmo).
O desespero humano é uma máquina que produz consolos vazios e mentirosos.
Por isso a minha sala está cheia de caixas de papelão com adesivos escritos "Para a Casa do Caralho (The Caralho's House)".
Durmo... sonho... danço tango com uma puta chamada Vertigem e durmo com uma dama de nome Apneia... ela me tira o fôlego. Me afoga nas fundações do meu próprio sono. Eu não ligo. Levanto assustado, me contorço, vejo o Monte Olimpo e dou um tapa na bunda de Hera. O fôlego está sem a Pomba Gira e eu beijo a Letargia na boca e sugo todo o sumo de sua língua áspera.
Dentro do segundo (ou foi do milésimo?) sonho eu sei que tudo é só mais um outro sonho, mas abro mão do direito de olhar dentro dos olhos fechados das minhas verdades... Com todas as pontas dos meus dedos cortadas pela minha compulsão doentia de roer as unhas, eu toco os cabelos negros das mentiras que eu trago para viver e derramo sobre a minha ansiedade uma chuva vermelha de endorfina comprada nas mais conceituadas clínicas clandestinas de aborto. Olho com piedade o meu reflexo no espelho. Em algum lugar dois olhos negros se fecham à ideia dos meus (será?), em algum lugar alguém escreve o meu nome nos vidros embaçados de um carro (talvez...), em algum lugar eu estou a imaginar isso tudo, pois sou o centro dos esquecimentos mais descarados que existem... não passo de um figurante nas existências vazias de protagonistas de um livro cafona chamado "Amor".
Não sei o que mais dói em mim... se são as dores físicas causadas pelos mecanismos de auto-tortura que eu inventei a mim mesmo na tentativa de punir a minha carne pelos erros do meu caráter ou se é o cemitério de gente viva que Deus (sempre ele) me obriga a carregar por aí. Com belos jazigos em minha memória e túmulos espetaculares em meu coração.
Eu posso até está enganado, mas como eu sempre digo (e direi sempre):
"Às vezes o ALZHEIMER é muito libertador".
By Jackson
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