Hoje eu quero ficar quieto.
Muito quieto... com o corpo todo encolhido,
dando a mim mesmo os abraços que eu tanto preciso e sem aquela necessidade masoquista de ter que ficar pedindo carinho para quem só sabe martelar o que eu ainda ouso chamar de coração...
operários frios que trabalham numa fábrica de tristezas e montam melancolia em grande escala.
Não, eu não quero brincar de ser feliz... de lavar os meus carrinhos de pilha e de criar fazendinhas com animais de plástico.
Não quero ter ninguém para montar casinha comigo e trocar as roupinhas das bonecas e colocá-las em suas caixas
para que elas durmam e sonhem com os anjos.
Não... Preciso apenas tirar o nariz de palhaço
que a vida me deu e lavar o meu rosto com água e sabão.
Ver as tintas dos meus fingimentos entrarem para o ralo da pia e ver que ainda tem tinta nos cantos das minhas unhas.
Preciso descobrir o remédio que possa aliviar a dor de andar pelas ruas tendo uma mão invisível apertando o meu
coração com a mais descarada das maldades.
Já estou de saco cheio de perder o meu sono nas madrugadas e ter que tecer desculpas na escuridão e de doar piedades fingidas
para as minhas carências reais...
Eu estou cansado disso tudo.
Cansado de jogar pedrinhas na lama e de brincar de ser mendigo.
Isso cansa.
Tudo tira de mim a magia de viver.
Só encontro paz nos meus sonhos,
pois lá eu não dependo da caridade de ninguém.
Lá eu só me preocupo em não acordar...
Quero entrar numa caverna e jogar os eufemismos fora... tirar das costas a responsabilidade de não quebrar vidraças com as pedras da minha sinceridade que é repleta de uma sutileza dispensável.
Preciso apenas não ter que respirar bem fundo e soltar um sofrido
"por que?" em seguida...
Tem dias que nós só precisamos de um tarja preta chamado ABRAÇO.
Nada mais.
By Jackson Pedro
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