terça-feira, 30 de julho de 2013

Queria um abraço...


Hoje eu quero ficar quieto. 
Muito quieto... com o corpo todo encolhido,
 dando a mim mesmo os abraços que eu tanto preciso e sem aquela necessidade masoquista de ter que ficar pedindo carinho para quem só sabe martelar o que eu ainda ouso chamar de coração... 
operários frios que trabalham numa fábrica de tristezas e montam melancolia em grande escala. 
Não, eu não quero brincar de ser feliz... de lavar os meus carrinhos de pilha e de criar fazendinhas com animais de plástico. 
Não quero ter ninguém para montar casinha comigo e trocar as roupinhas das bonecas e colocá-las em suas caixas 
para que elas durmam e sonhem com os anjos. 
Não... Preciso apenas tirar o nariz de palhaço
 que a vida me deu e lavar o meu rosto com água e sabão. 
Ver as tintas dos meus fingimentos entrarem para o ralo da pia e ver que ainda tem tinta nos cantos das minhas unhas. 
Preciso descobrir o remédio que possa aliviar a dor de andar pelas ruas tendo uma mão invisível apertando o meu 
coração com a mais descarada das maldades. 
Já estou de saco cheio de perder o meu sono nas madrugadas e ter que tecer desculpas na escuridão e de doar piedades fingidas 
para as minhas carências reais...
Eu estou cansado disso tudo. 
Cansado de jogar pedrinhas na lama e de brincar de ser mendigo. 
Isso cansa. 
Tudo tira de mim a magia de viver. 
Só encontro paz nos meus sonhos, 
pois lá eu não dependo da caridade de ninguém. 
Lá eu só me preocupo em não acordar...
Quero entrar numa caverna e jogar os eufemismos fora... tirar das costas a responsabilidade de não quebrar vidraças com as pedras da minha sinceridade que é repleta de uma sutileza dispensável. 
Preciso apenas não ter que respirar bem fundo e soltar um sofrido 
"por que?" em seguida...

Tem dias que nós só precisamos de um tarja preta chamado ABRAÇO.

Nada mais.


By Jackson Pedro

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