domingo, 28 de julho de 2013


Ando por aí espalhando rastros de uma tristeza que denuncia os meus passos sempre atormentados e carregados de uma dor que nunca descansa. As minhas perturbações possuem mãos que apertam o meu pescoço e que espremem a minha autoestima ao ponto de expulsar o meu orgulho como se fosse um tumor que nasce numa briga de bar causada por um mal entendido entre células bêbadas. O orgulho... esse velho cafetão que explora e espanca putas asmáticas como se elas fossem cadelas parecidas com a minha paciência, eterna merecedora de todas as pancadas do mundo. Vadia arrependida que implora, conscientemente, pela morte que vem a pedradas. Contemplo a minha cara no espelho... ela possui sinais de uma piedade que eu não mereço e que eu não faço questão de ter justamente porque cuspi nos rostos enrugados das senhoras que formam o conselho sagrado das minhas escolhas. Pego algumas roupas sujas e visto... enfeito a minha cabeça com alguns consolos que um dia eu comprei para dar a um amigo covarde que não teve coragem de usar... recebo as carícias de um medo que me trava e de uma ousadia que escorre pela minha mão feito água suja que sai de uma frustração encontrada nas latas de lixo hospitalar. Molho o ar com as lágrimas de uma vergonha que anda pelada pelas ruas com as pernas sujas de fezes e com feridas profundas em seus pés. Arremesso a minha dignidade contra a parede da alienação e vejo um espatifar de coisas que se misturam... cacos de tijolos com sensações que não respiram... solto os arrependimentos que estão furiosos e vejo que eles fazem a minha voz tremer. Palpitações e fúria que cospem fogo na palha dos meus sossegos forçados. Contemplo a distribuição homeopática de dores agudas que sufocam o que ainda restou de um sorriso meu. Dentes manchados de sangue... gengivite que não sara. Sofrimentos que não dormem. As humilhações dançam agarradas aos meus desesperos... transam na cama encardida dos meus absurdos mais secretos e enchem a minha boca com uma paralisia que me impede de gritar por socorro. A minha vergonha cai de boca no chão... perdeu muito sangue. A vidraça que protege os meus sonhos está quebrada. Foi partida pela vibração dos sons de uma voz que humilha e que me faz querer fugir para um lugar distante. Gritos que me assustam. Palavras que pintam o meu rosto de um vermelho "o que eu faço aqui, meu Deus?". Durmo com a desgraça que nunca veste roupas... recebo o abraço das friezas. Imploro por uma esmola que vem dentro de um saquinho de papel: um beijo de uma mulher que troca amor por rejeições e que enfia no meu coração um pesar que machuca e que dilacera as entranhas de uma esperança que é sempre a primeira a morrer.

Penso...
Sinto...
Lembro...
Uma dose de eu não sei o quê, que parece querer o meu bem, ainda sussurra em meus ouvidos...
O cafetão... o orgulho ainda não morreu.

"Ela não pode saber. 
As consequências das minhas escolhas é algo que arrancaria daquela boca as gargalhadas mais escandalosas. Não.
Preciso encarar a situação e repetir desesperadamente:

- VOCÊ MERECE! O INFERNO É AINDA É POUCO PARA VOCÊ.

Seja como for,

Ela não pode e nem deve saber".

NUN-CA.

By Jackson Pedro

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