sábado, 29 de setembro de 2012


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A tão popular e disseminada ideia de que ser difícil é sinônimo de se valorizar está dificultando cada vez mais os jogos amorosos. A conquista, que originalmente tinha a leveza de uma pelada de domingo, – aquele ar divertido e especial, aquele friozinho na barriga para saber quando ela cederia e, enfim, a comemoração extasiada e compartilhada da vitória – virou espetáculo de gladiação para uma torcida que não quer gritar gol, mas, sim, ver corações partidos e tristes depois de esgotadas todas as tentativas. Cada vez mais, “love is a losing game”, como bem pontuou e eternizou Amy Winehouse.

Negar quando não se quer é absolutamente normal, e é o que eu mais faço nessa vida – em primeiro lugar, porque disponho de uma peneira que filtra pedregulhos e bagulhos; em segundo, porque mamãe não me achou na lata do lixo. O que eu condeno mortalmente é a (falta de) atitude de negar por charme, enquanto o desejo pulsa lá dentro e queima lá embaixo. Lutar contra o desejo dá câncer, e pagar de bonequinha de luxo não é garantia de nada – afinal, ela pode ser a porcelana mais linda do mundo, mas quem realmente satisfaz no universo dos brinquedos é a boneca inflável.

Portanto, se você insiste em encarar o jogo da sedução como uma partida de damas, em que a dama, quando sobe no salto, sai massacrando e descartando as peças do tabuleiro como se fossem meros montes de merda, não se esqueça: ao final da partida, a dama está soberana, porém, merecidamente sozinha.




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