Cede-me, por algum tempo, alguns dos meus sentidos.
Ter olhos só para ti não me leva por caminho algum;
é tê-los na cara e não ter visão.
E ter mãos para te tocar não deixa que abra porta alguma,
é tê-las mas não ter nelas o tacto.
Destinam-se, a minha visão e o meu tacto, a ti, em exclusivo.
Mas preciso de ir ao teu encontro,
e podia encontrar-te, ainda assim,
deixando só que o coração me levasse – estou certo disso –,
mas podia lá eu chegar ao pé de ti sem, ao menos, uma flor.
Preciso da visão para a encontrar e do tacto para a colher.
E, já agora, desprende ainda o meu olfacto do teu cheiro,
e deixa que volte assim também. Sabe lá o nariz, sem ele,
se o cheiro da flor será bom que baste para ter um beijo teu.
(Sê cedente, que estou sedento).
By Sérgio Lizardo
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