terça-feira, 13 de agosto de 2013


Se sou, para alguns, poeta que tanto escreve sobre abraços de amados,
um dia, vou escrever sobre duas pedras da calçada.
E sobre como se sentiram elas
quando te puseste em bicos de pés (cada um sobre uma delas), 
num nosso encontro.
E sobre como uma delas tem mais para contar 
do que a outra porque tu, 
como numa cena de um abraço dado à chuva num filme de Fred Astaire,
dobraste uma perna até ao ponto de salto do sapato em riste.
Ou então sobre o ar.
E de como ele, tantas vezes, 
perde a capacidade de caber entre o meu peito e o teu.
Não sobre abraços.

By Sérgio Lizardo

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