Se sou, para alguns, poeta que tanto escreve sobre abraços de amados,
um dia, vou escrever sobre duas pedras da calçada.
E sobre como se sentiram elas
quando te puseste em bicos de pés (cada um sobre uma delas),
num nosso encontro.
E sobre como uma delas tem mais para contar
do que a outra porque tu,
como numa cena de um abraço dado à chuva num filme de Fred Astaire,
dobraste uma perna até ao ponto de salto do sapato em riste.
Ou então sobre o ar.
E de como ele, tantas vezes,
perde a capacidade de caber entre o meu peito e o teu.
Não sobre abraços.
By Sérgio Lizardo
In:
Nenhum comentário:
Postar um comentário