segunda-feira, 5 de novembro de 2012


MUDANÇAS NECESSÁRIAS (REPENSANDO VALORES)
Palestra apresentada por Sérgio Avelhaneda no
Centro Espírita “Dr. Raymundo Mariano Dias”
de Birigui, SP, em 01.02.08.


Em uma manhã muito clara, eu subia uma rua em direção ao trabalho. Quando cheguei à frente daquela casa em plena reforma, parei.
Desde algumas semanas, quando os trabalhos começaram a dar uma nova forma à moradia, passei a admirar o capricho em cada detalhe.
A cada dia, a casa se tornava mais bonita, ampla, parecendo uma linda mansão, enchendo os olhos de quem passa por aquele trecho da rua.
Admirei a beleza no conjunto e nos detalhes também, desde a entrada, os canteiros do jardim, o telhado novo, pintado, aos contornos das janelas amplas, tudo estava muito bonito!
Enquanto eu admirava outra vez, intimamente pensando no bom gosto dos seus proprietários, o dono da casa chegou ao portão e, vendo-me ali, embevecido na contemplação, começou comigo uma animada conversa.
Falei par ele da minha admiração pelo conjunto arquitetônico e ele passou a dizer do tanto ainda havia por fazer e por gastar, não deixando de mencionar o quanto já lhe custara a obra.
Foi então que, olhando detidamente aquele homem que conversava comigo a minha admiração atingiu o ponto máximo.
O homem apresentava-se com a barba de dias por fazer, os cabelos em desalinho e na boca, raros e esparsos dentes estragados.
Enquanto ele não cessava de falar a respeito dos projetos a executar em sua moradia, uma idéia nos acudiu.
O homem estava muito preocupado com a casa que lhe abrigava o corpo. Contudo, esquecia-se de cuidar do corpo que lhe abrigava a alma imortal.
Quanto descuido! E logo com o sagrado instrumento do Espírito que é o corpo.
E estou contando isso pra meditarmos juntos agora:
Quantos de nós assim procedemos? Gastamos muito em jóias, perfumes, carros, viagens, lazer, aparelhos sofisticados que nos atendam aos sentidos e descuramos de atender o corpo.
Quantos nos recordamos de buscar o médico periodicamente, consultar o dentista, submetermo-nos a exames clínicos e laboratoriais regularmente?
A grande maioria de nós somente comparece aos consultórios médicos e odontológicos quando a enfermidade já se apresenta em adiantado estágio.
No entanto, desatender às necessidades do corpo é desatender a lei de Deus.
Instrumento que nos é concedido por empréstimo, o teremos de devolver, com as contas do quanto dele nos servimos e como o tratamos.
Se o corpo morrer antes, por descuido nosso, teremos que dar contas, tal qual o trabalhado tem que dar contas da ferramenta que lhe é confiada para uma tarefa.
Repensar valores é sempre oportuno.

O corpo é concessão de Deus para o Espírito aprender e agir, valorizando os recursos disponíveis.
O corpo é veículo com que a Divindade honra o ser imortal, dando-lhe a oportunidade de evoluir e chegar aos planos celestes.
Cuidar desse corpo, atendê-lo em suas necessidades é dever da alma agradecida pela oportunidade recebida.
E mais ainda que cuidar do corpo é cuidar do Espírito!

Agora quero comentar um fato que foi publicado na publicado na Revista Isto é, que saiu nas bancas no dia 3.6.98.
Nessa época as manchetes alardearam a morte de uma personalidade internacional famosa. Por quase uma semana, essas noticias ocuparam as páginas dos principais jornais, estiveram nas rádios e nas emissoras de TV.
Muito se falou da desencarnação do famoso cantor Frank Sinatra.
O Mundo inteiro tomou conhecimento dos detalhes do funeral, amplamente coberto pela imprensa.
Uma das curiosidades registradas nesse artigo da revista foi o fato contado por um dos familiares do falecido, que informou que, a pedido dele, fora colocado nos bolsos do paletó que vestia ao ser enterrado, algumas moedas, um maço de cigarros de sua marca favorita, um isqueiro e uma garrafa de especial bebida alcoólica, de seu hábito.
Tal notícia me levou a pensar sobre o que realmente podemos levar conosco ao morrermos.
Esse cantor famoso não é a primeira pessoa a manifestar desejos de levar objetos para o túmulo, nem foram os objetos solicitados por Sinatra os mais estranhos.
O que causa estranheza é nos encontrarmos hoje em dia tão avançados em tecnologia e ciência, e tão ignorantes ainda da nossa condição de Espíritos.
Usufruímos os bens da Terra e nos vinculamos a eles de tal maneira, nos prendemos às coisa de tal modo, que desejamos continuar carregando essas coisas conosco para toda a eternidade.
Meus objetos de estimação? Não dá pra ficar sem! Isso são as palavras que são freqüentemente ditas por nós revelando as vontades que carregamos de jamais nos separarmos desses objetos queridos! Nem na morte.
Contudo, a morte nos remete para outra realidade. O Mundo Espiritual, onde tais apetrechos materiais de nada servirão ao Espírito, senão para mantê-lo aprisionado à carne, ao Mundo que acabou de abandonar.
Esse tipo de desejo impede o espírito de alcançar a verdadeira libertação.
Quando se trata de objetos que traduzem os nossos vícios, cria-se um vínculo ainda maior, no sentido de que se parte para o Mundo Espiritual com a certeza de prosseguir nos mesmos desatinos da Terra.
O dito popular expressa que só se leva da vida, a vida que se leva.
E isso está muito certo! As únicas coisas que nos haverão de servir na Espiritualidade, finda a vida corpórea, serão as ações praticadas e as conquistas espirituais.
Somente elas, as ações e as conquistas é que partem conosco e se constituirão em nossas alegrias ou em nossas tristezas, no Mundo para o qual nos deslocamos ao morrer.
Eu falei que o gesto do Frank Sinatra não foi o mais estranho porque na Grécia Antiga era costume enterrarem-se os mortos com suas jóias e vestimentas.
Os exageros eram tão grandes que um governante estabeleceu que se reduzisse ao máximo de três o número de vestimentas a seguirem com o cadáver.
Na Roma Antiga era hábito se alimentar, periodicamente, os que haviam partido com leite, carne e frutas. Acreditavam então que o morto necessitaria de tudo aquilo na nova vida que iria viver.
Convenhamos que após o advento de Jesus e Sua lição de imortalidade, cabe-nos abraçar a verdade, abandonar a ignorância e viver como Espíritos imortais que somos, preparando-nos de forma digna para o retorno à pátria espiritual, quando soar a nossa hora.
Estejamos sempre prontos e vamos evitar a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Estar vivo pressupõe agir, e não apenas reagir. Toda reação é perigosa, pois comumente não passa pelo processamento seguro da razão.
Estar vivo implica em fazer avaliações constantes, não avaliações dos outros, mas de nós mesmos e de nosso viver.
Quem não se avalia perde grandes chances de se aprimorar, de poder mudar de rumo quando se percebe que a direção poderia ser outra.
Estar vivo significa: entusiasmo - carregar Deus em nossa alma, levar a certeza de Sua presença em nossas vidas e a vontade de conquistar os altos degraus da felicidade.
O importante é saber que não se pode morrer!
Morre lentamente quem não sorri para uma nova manhã, quem esqueceu de olhar as estrelas na noite anterior e quem não se encanta com a grandiosidade da natureza à sua volta.
Morre lentamente quem não encontra graça em si mesmo, quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru, ou sua única companhia.
Morre lentamente quem não toma iniciativa alguma quando está infeliz com seu trabalho, quem não arrisca nem um pouco que seja, para ir atrás de um sonho.
Morre lentamente quem passa os dias se queixando de sua má sorte ou da chuva incessante ou do sol intenso.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece, ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente quem não mais agradece a Deus pelos filhos que lhe deu, ou pelos pais que o receberam neste Mundo.
Morre lentamente quem não retribui o sorriso de um bebezinho, e quem não acha fascinante a forma pela qual chegamos todos a este Mundo.
Morre lentamente quem não abraça, quem não beija, quem não expressa carinho de alguma forma – mesmo que através de um olhar.
Morre lentamente quem é adepto de expressões como este Mundo não tem jeito mesmo, ou a coisa está cada dia pior.
Morre lentamente quem se desespera com a perda de um amor, e não consegue perceber que há muitos que podem ser amados por nós, e muitos que podem nos amar profundamente.
Morre, sem perceber, dia após dia, quem não se dedica à felicidade de alguém, quem não se doa, quem não divide o que tem - material e espiritualmente – com outras pessoas.
Somos todos nós os aprendizes da vida!
Precisamos entender que aqui estamos para viver o amor com letra “A” maiúscula e a ter a sabedoria.Isso faz a vida ter sentido.E quando entendemos isso tudo se torna diferente ao nosso olhar!
E assim poderemos dizer:
Vivo para que o sol tenha sentido, e é minha luz que o sol reflete e devolve para a terra, agradecido.
Vivo para que a chuva lave o ar, e o ar fique leve, carregado com o meu perfume gostoso, perfume de árvore vigorosa de seiva sadia.
Vivo para que o amor tenha vazão, e não deseje razão – pois de condição o amar não precisa.
Vivo para florescer outros jardins, e sem eu perceber o meu jardim se enche de lírios, rosas, girassóis, jasmim, margaridas...
Vivo cada dia como se fosse cada dia. Nem o último nem o primeiro - o único.

Quantas vezes você já afirmou que está insatisfeito com a sua vida? Que está cansado da rotina?
Pois então, eis uma boa chance para mudar o rumo da sua vida. Comece devagar, porque a direção é mais importante do que a velocidade.
Comece sentando-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho. Ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outro ônibus. Mude, por uns tempos, o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. E até ouse andar descalço, em algumas oportunidades.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, para ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o Mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda, se sempre o faz com a direita.
Assista a outros programas de TV. Compre outros jornais. Leia outros livros.
Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova, por dia, numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos. Escolha comidas diferentes. Novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado. O novo método. O novo sabor. O novo jeito.
Conquiste novos amigos. Faça novas relações em seu campo profissional.
Almoce em outros locais. Vá a outros restaurantes. Compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo. Jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado. Outra marca de sabonete. Outro creme dental. Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Troque de bolsa, de carteira, de malas. Troque de carro. Escreva outras poesias. Visite novos museus.
Mude. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
Mas, em tudo isto, não se esqueça de amar e amar muito. Amar as pessoas, o seu trabalho, a sua vida.
Esta vida que é única, já que não se repetirá jamais, tanto quanto ninguém a tem na forma e do jeito que você a tem.
Deus não Se repete. Por isso, as criaturas todas são únicas e cada dia é totalmente diferente do anterior.
O sol nasce todo o dia e das fontes brotam águas sem parar. Entretanto, o sol alcança você de forma diferente a cada dia e as águas que rolam não são as mesmas a cada minuto.
A chuva desaba, mas nunca igual, porque o faz em horas diferentes, em horários diversos, ora pela manhã, pela tarde, à noite.
Um dia venta. O outro não há vento.
Pense nisso. A natureza leciona, todos os dias, a mudança incessante que a torna tão exuberante, especial, maravilhosa.
Estejamos sempre atentos: Aprendamos com a natureza.Veja quem tem olhos para ver!Ouça quem tenha ouvidos para ouvir!


Sérgio Avelhaneda


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