A Dama da noite
Ao ver-te passar
Senti perfume
E enlouquecido de ciúme
Aos teus pés, fui me prostrar
Só pra me fazer presente
Tão perto, à tua frente
E assim
Umedeci-me do bálsamo alcalino
Por entre o teu mantéu
E recordei
O meu destino
Amargo como fel
Um vulto ali, me aprisionou
Um beijo em minha boca
E percebi que poderia amar
E o teu corpo
Ainda que em mil anos
Desejar
Despiu-se à minha frente
À luz da relva, bailando inconsequente
Traiu minha inocência
Tratou meu coração tal qual menino
E, num ato frio e desatino
Pedi tua clemência
Não permiti sofreguidão
E atordoado
Temi a maldição a me envolver
Pois dos mistérios do nosso passado
Sou dos dois, o único
A não perceber
Que o encanto é meramente fantasia
Talvez da minha própria hipocrisia
De ainda, obstinado
Novamente desejar
Um breve instante
Eterno amor, eterno olhar.
Sergio Valência
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