“Eu sou uma mulher madura que às vezes brinca de balanço. Eu sou uma criança insegura que às vezes anda de salto alto.
Fico assim o dia inteiro, entre a menina e a mulher, que entram e saem de mim sem dar bom dia ou pedir licença.
Sou mulher quando precisam de mim. E eu adoro ser "precisada". Adoro me fazer responsável, abnegar prazeres pelo bem alheio, ser a pessoa certa na hora certa.
Sou menina quando é tarde, e eu to sozinha ou tá escuro e tá tudo quieto, e a única pessoa com quem eu quero falar é minha mãe e o único lugar que eu quero estar é na minha casa, mesmo sabendo que nenhuma das duas coisas existe exatamente como eu as lembro.
E eu sou menina quando eu sorrio sem dizer nada, mesmo gritando por dentro. Eu sou uma menina pra tudo que eu pego nas mãos, sinto cheiro e vejo cor...
Eu sou mulher com meus orçamentos, para as pessoas que amo e as coisas que eu quero pra sempre. Eu sou mulher ao fazer perguntas difíceis ou recusar respostas fáceis. Sou mulher quando consigo dizer: NÃO!
Sou menina quando coloco minha coroa e repito no espelho um monólogo qualquer... Sou mulher quando espero pacientemente na fila do banco ou quando faço o auto exame em busca de um caroço por morrer de medo do tal câncer de mama.
Menina quando eu choro. Mulher quando eu beijo. Ambas quando eu rio.
É o mais difícil de crescer... encaixar-se ou não em uma ou outra. Não pq eu queira muito saber quem sou, mas parece que o resto do mundo está esperando impaciente eu aparecer com a resposta. Não tenho medo desse meio termo... morro de medo de um dia me encaixar completamente na segunda.
O que acontece então?? Pra onde vão as piruetas, os meus sonhos e meus medos??
Eu não sei... por enquanto estou confortável aqui no meio dessa briga. Sem saber direito quem eu sou... falando “tipo assim” e citando Shakespeare... pedindo colo e procurando emprego... de coroa e salto alto... mas com a plena e deliciosa consciência de que sou deveras feliz!”
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