POEMA NOVO
Sobre ti, eu escrevo de cor:
sem te olhar,
sem te ouvir
e sem te cheirar…
De cor, eu sinto o teu cheiro
que caminha desde a memória até às narinas e circula;
ouço a tua voz
que se alevanta e ecoa suave nos meus ouvidos;
e vejo-te!
Vejo até o repuxado da pele das costas da tua mão
quando os meus dedos deslizam por ela
e, na minha frente, erguidos do chão até altura dos meus olhos,
vejo mesmo, no meio do que seja,
os contornos de ti bem desenhados…
Á medida que te vou pensando
(decorada)
e pensando cada um dos teus bocados
(decorados),
eu preencho a tua imagem com palavras no meio das coisas,
para te ter num poema novo
que eu veja na folha,
ouça no folhear
e cheire,
porque, com o poder da poesia,
faço do cheiro da tinta, o teu perfume,
da passagem dos dedos no papel, o afago no teu cabelo
e da estrutura dos versos, o teu corpo…
E o poema novo,
nas minhas mãos – uma em cada margem,
é como se o abraçasse
e é como se fosses TU!
Sérgio Lizardo
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