CHÃO
Cada passo que dou, vai por um bocado de chão a pisar
e cada um dos meus pés, procura que o sapato e planta
poisem cada centímetro do tamanho que eles medem
fora das poças de água
ou de faltas de empedrado
para que assim, sem percalço, cheguem mais depressa…
Já os meus olhos, olham o espaço aéreo desse caminho,
procurando-te a ti;
os meus ombros, desviam-se dos toques na multidão;
as minhas mãos escondem-se nos bolsos;
e o meu peito, curva-se para dentro, retraído…
São às vezes os meus ombros, mãos e peito
salvos pelos teus lábios
quando por eles sai o meu nome, vindo de um lado
e param os meus pés,
os meus olhos abrem-se mais,
os meus ombros, fazem com que eu rode,
as minhas mãos dedilham nos lados do tronco
o meu peito incha
e o ar dentro dele, mantém-se fechado
até instantes depois, quando surgem os meus braços
a entrar pelos teus
e depois o meu nariz,
com o teu perfume a entrar por ele…
Por saciar, o meu nariz consome o cheiro do teu cabelo
e por aquecer de saudade que finda, eu abraço-te mais
porque os meus pés, querem apenas o bocado de chão
diante do bocado onde param os teus
e daí, eles tão depressa não saem…
Sérgio Lizardo
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