sábado, 28 de dezembro de 2013

Era uma vez...

Há gritos pendurados nas paredes negras da minha madrugada... deles pingam lágrimas com pedaços grandes de tempo perdido e um poderoso cheiro de despedida entorpece os meus sentidos, fazendo da minha razão uma prostituta catarrenta recém chegada de longe, com um linguajar engraçado e gestos desengonçados. 
Carrego nas costas o peso de um passado que (ainda) não passou. Levo comigo, agarrado à minha calça, um misto de teimosia e esperança. Otimismo que pinta a fé com as cores de um quilo de peixe estragado. Verdade travestida de uma ilusão moribunda e rotinas que trazem contrariedades. 
Sono, tolice, fuga, consolos...
A negação dos fatos por algumas migalhas de impossibilidades. O charme do improvável e o mistério das justificativas criadas a partir da necessidade de domar a dor e enganar a parte de mim que ainda clama por castigos.

Era uma vez um amor
Sossegado...
Era uma vez uma paz
Uma calma...
Um sossego...

Noite. Chuva. Frio.
Sorriso. Calma. Lágrimas.
Sonhos. Choque. Desespero.
Solidão...

A despedida negada.
A fuga.
A indiferença. 
Sentado numa pedra chorando
cortando em pequenos retalhos
Uma felicidade que escorre
Esperando cair do céu
O que adentrou o solo
Andanças
Terapias
Um rastro de lágrimas
O discurso repleto de lamentações
O corpo sujo
A alma imunda
Fragmentos de sonhos...

Há um pouco dela na insônia
Há muito dela nos meus sonhos

Sim... houve um amor...


E ele era sossegado.

By Jackson Pedro

In:

Nenhum comentário:

Postar um comentário