sábado, 28 de dezembro de 2013

E eu?

Desconheço-me de propósito, pois eu tenho uma fome insaciável de justificativas doces, porém venenosas. Jogo uma cortina velha e empoeirada sobre o meu bom senso e escondo a pequena porção de razão debaixo do tapete. Sou feito de impulsos saltitantes e de intensidades rastejantes. Quando não pulo eu me arrasto... e quanto mais eu me arrasto, mais distante eu fico da noção do tamanho das minhas pernas e do poder dos meus saltos. Luto por coisas que jamais serão minhas... faço massagem cardíaca em cadáveres e espero deles uma gratidão que nunca vem. Rezo para deuses que têm corpo de gente e cabeça de cachorro. Não há milagres. 
Não há graça. Não há retorno.
Nunca houve o retorno e a gratidão de ninguém. Jamais haverá.

As flores estão murchando...
As árvores estão morrendo...

Os deuses latem para mim e eu me escondo, transpirando medo, dentro de uma garrafa verde com uma fada magricela dentro. Um gosto na boca que me apresenta vários avessos bons. Uma fuga? Pode ser...

As flores estão morrendo...
As árvores estão murchando...

E eu?
Ah, eu apenas existo.

By Jackson Pedro

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