quinta-feira, 11 de abril de 2013


Ventos, folhas caídas pela húmida voz
Do outono, a pele nua que se deixa
Consumir pelas facas, pelo frio, por nós,
Pela corrente chuvosa do toque escorregadio
Das palmas das mãos, da sensação que sobeja
Dessas visões inteiras e inesgotáveis,
De soberbos partos de amores repletos
De vida e de sabores suaves e amargos
Como o céu daquelas alturas.

Não importa o tempo,
Porque é como se a existência fosse a mesma,
Esta crença de uma ascendência profunda
Que não se esqueceu de nos colocar naquela erma
Agrura e árdua tarefa de amar de todos os lados
Com os sentidos apurados de quem não se pode ver
Exterior, senão dentro um do outro, com as células
Desidratadas de não beber mais do que o sopro
Das palavras e do corpo de cada um.

Quatro anos, quatro outonos, quatro
Mil folhas caídas debaixo das ondas onde flutua
Ainda o peso abstrato dos incensos vibrando
Fruindo liquidamente a essência nua
De aves voando, fugindo céu adentro quando
Ele é frígido e negro e se vai tornado
Rubro, denso, ardente, reflexo de folhas caídas.

Quatro anos, quatro dias,
Não importa as horas, não importa
Quantas coisas decorreram, quantos
Sonhos não foram reais e a porta
Sonora e gritante do meu destino
Não te serviu de abrigo e de retorno
Para um dia morreres sem eu estar lá.

Sarah Virgi



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