FÔLEGO
Chegas.
Entras.
Vens.
Levanto-me…
Puxo-te a cadeira.
Arrumo com a perna a cadeira.
Esqueço a cadeira.
Encho a minha mão com a tua mão.
Entram os dedos da outra mão pelos teus cabelos, a deslizar desde o teu rosto de maçã corada e ridente,
e depois…
… eu beijo-te!
Beijo-te longa ou loucamente, como se o beijo que te dou, fosse o entrar e o sair de todos os ares que eu deveria ter inspirado e expirado e não terei respirado desde que te vi chegar,
e entrar
e vir…
… como se me tivesse esquecido de o fazer!
Mas sei lá eu se terei respirado no tempo desses teus passos;
sei lá eu se existe algum ar que não tu que me encha o peito…
Eu sei é que, que quando tu vieres de novo, viverei de novo
de um fôlego mais,
até nos levantarmos
e sairmos
e nos beijarmos
e descolarmos
e nos deslocarmos,
cada um para seu lado…
(No intervalo sem ti,
encho de ar os pulmões de cada vez que te penso nos meus braços e junto ao peito,
para expelir depois a conclusão de te não ter do lado de fora do meu corpo
como eu te tenho por dentro,
a manter-me vivo...)
Respiro-te!
Sérgio Lizardo
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