Desde menino eu chorei a morte dos meus parentes e amigos que com o passar do tempo foram nos deixando. Devo tanto aos meus avós e as minhas tias que tiveram suas vidas ceifadas pela ignorância da morte e por mais que eu orasse a Deus, não pago o bem que me quiseram. Hoje, infelizmente eu perco um dos meus melhores, senão o melhor de todos os companheiros. Aquele com quem brinquei a vida inteira a qualquer hora do dia ou da noite sem que as minhas vontades por ele fossem rejeitadas. Muitas vezes eu disse não ao seu convite para uma brincadeira fora de hora e só ele não se negava brincar comigo. A diferença de idade entre nós deveria ser um divisor de entendimento e compreensão, mas a isso eu dava de ombros para brincar até perder o fôlego. Podia ser que eu tivesse tido melhores pais e melhores escolas, quanto a ele, não sei. É possível que tenha tido aquilo que fez por merecer inclusive a minha amizade que era uma via de mão dupla; eu o completava e ele me realizava, já que éramos exatamente iguais. Até carinho os meus pais faziam questão de dividir com a gente. Jamais recebi um agrado sem que Walter fosse lembrado; um doce, um sorriso ou uma palavra elogiosa acompanhada de um largo sorriso era com o que meu pai nos brindava quando voltava do trabalho.
Dezessete anos de sorriso e festa. Nesse pequeno espaço de tempo tivemos mais alegrias que tristezas, mas de todas as dores essa foi a que mais fez doer meu peito.
- “Quando você achar que não vai suportar a ausência do amigo, vá ao seu túmulo e faça uma prece. Isso o ajudará a entender a mágica da vida e você se sentirá melhor, e, só não duvide se com isso você crescer, pois todos crescemos com os ganhos e com as perdas”. Essas foram as palavras da minha mãe que me trouxeram aqui, ao pé da cova, cercada de flores, aonde chorando, como choro agora, enterrei Walter, o cachorro que mais me fez entender e gostar da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário