segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Ando distraído pelas ruas... procuro uma maneira impossível de domesticar as minhas inquietações mais desesperadas e o meu desespero mais inquieto. Explosão de desassossegos siderais. Fontes que jorram dúvidas que têm nomes de constelações que não são nada... a sagração de um vazio que nega a si mesmo. Negação descarada que fala alto com o pouco de valor que eu ainda acho que tenho. Eu, a própria negação feita de carne forte e ossos fracos... a personificação de vácuos que simplesmente não existem. Ando... deixo para trás um rastro de pontos de interrogação amarrados com arames velhos e vejo que há muita descrença nos caminhos que se abrem em minha frente. Converso comigo mesmo e faço gestos desengonçados baseados em uma coreografia de absurdos que perdem o ar dentro das camisas de força que meus amores me deram de presente quando decidiram fazer parte do meu passado. Tremores inevitáveis em um futuro que nunca existirá. Rasgos em terra de ninguém...
Ando por aí... por aí eu me perco. Uso a bússola dos meus medos e sigo as placas verdes dos meus receios... peço informações para estrangeiros loucos que não conhecem nada além de sua própria insanidade. Vagando pelas dimensões de recordações alegres, eu encosto as pontas dos meus dedos em cheiros que arrancam de minha memória uma fatia enorme de sonhos que estão guardados dentro de uma geladeira antiga e que quebram quando eu olho. Algumas coisas são tão sagradas que não podem ser tocadas... olho, cheiro e construo em minha alma uma praça de consolos inúteis... distribuição gratuita de uma piedade que só os miseráveis são merecedores. Na minha andança sem fim, o destino me dá um nariz de palhaço e me entrega um certificado de incapacidade que eu mesmo assino. Sombras que engolem seus gemidos mais agudos... carne que esfria no relento dos abandonos.

...Por que você não é ela?
...Por que ela não é você?

Desenho letras que não são letras... são tentativas inúteis de transformar lembranças em sensações que são como brisas que tocam a pele da minha nuca. Recebo do passado arrepios que são carregados de sons de sorrisos alegres causados por uma tragédia nada grega. O clima de uma desgraça é único e nos persegue para sempre. Os sorrisos compartilhados são o corpo de delito de um nojo presente e de arrependimentos futuros. A mão que afaga, definitivamente é a mesma que apedreja, já dizia o angelical Augusto.

Por que, meu Deus?
Por que elas não são ELA?
Por que não há um pedacinho DELA nelas?

Por que?

By Jackson Pedro

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