O coração do mundo
Doces rusgas de namorados,
destinos destilados em aguardentes,
cadáveres de generais apodrecendo,
turbas de pedintes,
claves de sol no ar,
quebras de mar na praia à noite,
levas de ouriços,
um não sei quê de morte.
Tudo está a um passo de acabar
e é tão eterno ao mesmo tempo
que eu poderia alcançar com minhas mãos
o inefável do instante último
da minha incompreensão.
Quadros virados ao contrário,
a marcha violenta dos soldados de barro,
o amor envolto em culpa,
o deslize das pernas na cama,
a lenda das mulas sem cabeça,
o croqui que não termina,
o som das paradas, em silêncio, nas conversas,
a corte dos palhaços em êxtase.
Eis a multidão de sonhos
em profusão geométrica
que avança a cada estocada no coito.
Doses de cachaça não farão diferença,
o coração do mundo está de volta.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
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