Resolvi absolver as culpas que ainda rondam a minha cabeça por causa de todas as histórias que não deram certo.
Decidi tomar consciência e dar ouvido ao meu eu interno antes de me envolver em projetos grandiosos. Cuidar exatamente do essencial, sem, contudo descartar os reveses das esquinas que passei. E aprender que ainda é cedo para tirar conclusões. Então, passei a me importar com outras coisas e honestamente estou querendo dizer que fui muito prolixa nos sentimentos, talvez porque eles sempre surgiram muito mais fácil do que a minha razão para extraí-los. Mas a gente acaba aprendendo, seja por teimosia, arrelia ou insistência. Isso não é congelar sentimentos, mas lutar bravamente por aquilo que indica ser o mais acertado nesta vida.
Dar a volta por cima, não representa mudar suas facetas, mas repensar como ocupamos nossos dias. Pensar em tudo que foi feito, evitado ou naquilo que foi exagero de nossa parte. Se há tempo ainda para remendar os lençóis, é negligência, não dar crédito. É como sentir pena de si mesmo e obrigar-se a sofrer para que o mundo te conduza a mendigar a vida, por merecimento.
Virei o disco para o lado b. Fraudei, sem nenhum consentimento o meu suposto destino, apagando as páginas de tombos breves, pagando com isso débitos para refazer outro projeto de viver. Comecei a dar importância a mim mesma. Resolvi praticar as minhas habilidades e escrever as novas expectativas de viver a realidade nua e crua, com alguns pontinhos coloridos. Pouco importa se tenho prestigio, se consigo algum mérito. Na verdade eu fui me salvar mesmo dando imenso trabalho fazer isso.
Essas novas soluções funcionaram como uma desforra das carências que tanto me perseguiam. Esse lance já não me dizia mais respeito. Com o novo mapa da mina, sem deixar de relembrar os antigos finais infelizes que eu tinha passado, passei a me importar menos com o grande conhecimento sobre os ângulos da vida.
Bem, nesta retirada estratégica do comodismo, não me interesso mais por conceitos, idéias, fórmulas e grandes explicações. Não dou mais atenção aos grandes discursos, muitas palavras, eloqüência fenomenal, porque me disseram que isso apenas estufa o peito do homem.
Começo assim a suportar mais e insisto no equilíbrio entre a razão e emoção. Concordo bravamente que o tanto falar, tanto ensinar, reprimir, repreender é discurso enfadonho. Acredito muito mais nos lábios silenciosos e coração decidido. E dispensando as tentativas e malabarismos, ação por ação agora em funcionamento, melhorei consideravelmente os atrasos da felicidade, porque desimpedi as entradas, antes ocupadas com lembranças torpes. Fiz com tanta determinação que o vivendo assim, comecei a entender que não parei para sofrer. Estive tão ocupada que me faltou tempo para sofrer. Isso fez toda diferença. Aperfeiçoei-me na teimosia para cruzar com aquilo que me faz feliz.
Ita Portugal
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