Este poema foi escrito em 1982 e foi meu primeiro poema censurado em público, no meu lugar de trabalho, rasgado e atirado no lixo, acompanhado das palavras “Que merda é essa que você está escrevendo, cuidado com o que escreve.” mas eu tinha uma cópia e eu e esse meu chefe ficamos amigos.
Somos todos descartáveis
Como guardanapos atirados ao chão
Ou o relógio de ponto
Que só presta quando está bom
Somos figuras carimbadas
Na hora do serão
Sem dinheiro pra comida, nem pra escola
Na porta esticando a mão
Pedindo esmola para o patrão
Patrulha que nos patrulham
Nos corredores escuros da fábrica
Da hora da entrada
Até a hora da saída sem vida
Somos todos descartáveis
Como guardanapos atirados ao chão
Ou milhadas de pão
Nessa vida de cão
Arnoldo Pimentel
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