Este poema foi escrito em 1980, no final do mês de maio, num período morto de minha vida, pois estava com outros companheiros onde não queria estar, estava apenas por ter sido obrigado pelas leis brasileiras, que muitas vezes não respeitam o seu direito de escolha, e eu nunca quis olhar uma pessoa como um inimigo, seja de que país for, de que ideologia política for, de que religião for, nunca irei escolher estar numa guerra e matar semelhantes, de lá nem fotos eu guardei e a única coisa de bom que aconteceu foi ter feito amigos, em especial meu hoje irmão Cláudio Rangel, que foi quem me ensinou a escrever com liberdade, sem medo e com amor a arte, com meu irmão de coração aprendi a me sentir gente, a ser eu mesmo, aprendi a ser amigo e amar as pessoas como elas são.
FANTASMA DENTRO DO ARMÁRIO
Minha mãe vive falando
Que tem coisas que escrevo
Que são perigosas
Prefiro escrever assim
Que não escrever
É o que sei fazer
Tenho medo de mostrar
E deixar os poemas aqui
Sempre há revistas
E se acharem quando
Revistarem os armários
Estarei fodido
Por isso sempre levo pra casa
E escondo no meu quarto
No meu caderno dentro do armário
Lá ficam guardados
Tenho medo
Que minha mãe chore
Se acontecer algo comigo
Arnoldo Pimentel
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