− A arte da vida se assemelha mais à da luta do que à da dança. Tem de estar sempre alerta e em guarda contra os golpes súbitos e imprevistos.
− Quem é mais hábil na luta, nem sempre é mais devotado ao interesse comum, nem mais modesto, nem mais calmo em face das vicissitudes, nem mais indulgente para os erros do próximo.
− Orgulha−se a aranha de apanhar moscas. Tal homem, de apanhar lebres; tal outro, sardinhas na rede; este, um javali; esse, um urso; aquele, alguns sármatas. Estudados os princípios que os norteiam, não poderiam todos ser qualificados de assassinos?
− Passar todo dia como se fora o último, sem agitação, sem moleza, sem falsidade, nisso consiste a perfeição dos costumes.
− É necessário ser atento às palavras no discurso quanto ser atento aos atos nos empreendimentos. Procurar no discurso, o objetivo; nos empreendimentos, o sentido.
− Este não é o momento de dissertar sobre o que deve ser o homem de bem, mas sim de começar a viver como homem de bem.
− Esquecerás tudo em breve, brevemente todos te esquecerão.
− A respeito da dor: intolerável, mata. Duradoura, é suportável. Concentrando−se, o pensamento se conserva sereno, não permitindo contaminar a porção soberana. Se puder, que digam as partes do nosso ser atingidas pela dor.
− O sentido correto destas palavras ainda é impreciso: roubar, semear, comprar, repousar, prever. Há alguns sentidos que não se distinguem com os olhos, e sim com uma visão bem diversa.
− Não tenha para com os inumanos os sentimentos que os homens têm para com os homens.
− Que são Alexandre, César, Pompeu, em face de Diógenes, Heráclito, Sócrates?Eis que estes últimos conheceram as coisas, suas causas, sua natureza, e conservaram sempre livres suas almas. Aqueles, todavia, que coisas souberam prever? A quantas se escravizaram?
− O prazer é entendido a seu modo por cada um. O meu é ter a alma sadia, sem aversão por homem algum nem pelas coisas que aos homens acontecem. Ao contrário, vejo−os com olhos serenos, aceitando−as e dando a cada uma o seu devido valor.
− É diferente do movimento da flecha o movimento do espírito. Entretanto, quando, tomadas todas as precauções, o espírito parte para o exame das coisas, o seu percurso não é menos reto rumo ao alvo.
− Todas essas coisas são triviais pela repetição, efêmeras em relação ao tempo, perecíveis por sua matéria. Na época daqueles que enterramos, quanto hoje.
− Sempre vá pelo caminho mais curto. O que segue a natureza é sempre o mais curto. Guia−te, pois pela mais pura razão, no dizer e no fazer. Agindo assim te livrarás de cuidados, de conflitos, e a cálculos e astúcias não terás de recorrer.
− É ridículo que o homem não queira fugir dos próprios vícios, o que seria possível. E tenta fugir dos vícios alheios, o que e impossível.
− No senado ou com qualquer um, fala em tom moderado e sem exagero. Faze tua linguagem revelar raciocínio honesto.
− Os homens desprezam−se mutuamente, e mutuamente se lisonjeiam. Querem suplantar uns aos outros, e se curvam uns perante outros!
− São passageiros tanto o louvor quanto o louvado.
− Uva verde, uva madura, uva passa, tudo é transformação, não para o não−ser, mas para o que ainda não é.
− Da mesma maneira que te apresenta o banho (óleo, suor, sujeira, água viscosa, coisas repugnantes), assim é cada porção da vida e cada objeto.
− Não entenda as coisas como as vê aquele que te ofende, tampouco como ele gostaria que as sentisse, mas assimile−as como são realmente.
− Sobre o mesmo altar, muitos grãos de incenso: este caiu primeiro, aquele depois. Tanto faz.
− Não te conduzas como se fosse durar milhares de anos. Sobre ti paira o inevitável. Enquanto vives e podes, esforça−te para tornar−te homem de bem.
− Nunca se deixe arrastar pelo torvelinho. Em qualquer situação, visar à justiça; em todo pensamento, objetivar a compreensão.
− No repouso que a ti mesmo concedes, sê sóbrio.
− Labora a natureza sempre em favor da utilidade.
− Frente a cada ação alheia, crie o hábito de perguntar a ti mesmo, sempre que possível: "Qual a finalidade?" Mas começa por ti. Examina a ti mesmo.
− Ler, não podes mais. Reprimir o orgulho, entretanto, tu o podes. Colocar−te acima da glória vã tu o podes. Não guardar rancor aos insensíveis e ingratos, antes, lhes ser útil, tu o podes.
Postado por Raul Arruda Filho
Simplesmente....maravilhoso!
Roberta
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