Parabéns Daniel Marinho, ameiiiiiiiiiiiiiiiiiii.......
Há quem diga que vingança é um prato que se come frio. Mas é que às vezes a oportunidade bate a porta e aí é pegar ou largar, só dá tempo de uma assoprada; come-se morno mesmo.
Foi assim com a Marcela numa dessas festas caretas de boatezinha da moda na Barra da Tijuca. Aquele tipo de boate que se você chegar de tênis ou barba por fazer é capaz de te darem voz de prisão!
- E aí gaaaaata, eu não te conheço de algum lugar, princêêêsa? (sussurrou ele, fazendo cara de Wando)
Luis Alfredo; notadamente um mala. Uma valise sem alça e assunto, expondo a chave do Audi por fora da calça jeans da Diesel e os braços apertados por uma daquelas camisetas do tipo mamãe-sou-forte (da… Diesel, digamos).
Mauriçoca até o último fio de cabelo bem penteado, que por ter nascido com tudo o que quis – e o que não quis -, cresceu com a certeza de que o mundo só estava lhe aguardando para recomeçar a girar. Ainda assim, dado seus prin$ípios, estava acostumado a sempre, sempre mesmo, faturar na noite com as garotas dos condomínios do bairro emergente.
Àquelas horas, porém, com a casa quase por fechar, Marcela – gata paulistana escaldada das ‘baladas’ cosmopolitas (de Ibiza à Istanbul, de onde inclusive acabara de chegar de mais uma turnê da sua Cia de Dança Contemporânea) – fez que não ouviu. Nunca o tinha visto na vida; nada lhe interessara dentro daquele invólucro. Era fazer-se de sonsa, virar o rosto, dar de ouvidos. Nada que qualquer mulher com seus atributos não tenha de fazer quase todo dia.
Mas “chato” para Luis Alfredo era um eufemismo… O garotão insistia com olhares, bocas e poses de Julio Iglesias a cada desdém da morena de longos cabelos lisos e tatuagem no pescoço. Afinal, não era possível! E o Audi?
Quando Luis Alfredo começou a recitar, em voz alta, versos do Roupa Nova, Marcela – já contendo a taça de Pina Colada que teimava em atirar-se involuntariamente de sua mão rumo à face do rapaz – resolveu ponderar. Ao andar da carruagem, quase aliás já virando abóbora, resolveu pagar para ver. Pagar para ver e assistir de camarote. Quem diz o que quer…
- Claro! Eu me lembro de você! Nossa você é o…
– Luis Alfredo!
– Luis Alfredo! Claro!
– Você lembra?
Luis Alfredo estava surpreso.
– Claro! Lá da…da… Escola, não?
– Você também estudou no Sacre Couer de Marie?
Aí vem bomba… Pensou, Marcela.
- Sacre Couer, claro! Aí que saudades das freiras… (mal podia acredita no que estava dizendo)
- Ah! Suspeitei desde o princípio!
Emendou Luis Alfredo, crente que só ele, ao balançar os braços para simular o herói de anteninhas daquele programa que provavelmente o inspirara como projeto de vida e conhecimento.
- Mas então… Você não mudou nada, hein, Pintinho? Ainda continua com aqueles tiques estranhos?
- Tiques? Pintinho?
– É! Aliás, você ainda lembra daquele gordinho metido a besta da turma (toda escola tem um gordinho metido a besta). E do João (esse aí, então…), lembra dele?
– É… Lembro. Mas você…
– Ana ! (Sempre haverá uma Ana). Meu nome é Ana! Lembrou?
– Da 6ª F?
– Isso! A que pegava o ônibus com aquela garota que você dava em cima? Como é mesmo o nome dela? Era a..
– Fernanda!?
– A Fernandinha! Quanto tempo eu não vejo a Nanda…
– Coincidência em Ana!
Luis Alfredo estava preocupado.
- Nossa! Olha, nem te conto! Ela fazia a tua caveira viu! Aliás dava dó… Você de quatro, rastejando daquele jeito e todas as meninas da sala te sacaneando! Você também sempre foi meio esquisito, vai confessa…
– Como assim? Tá gozando com a minha cara?
– Eu sei, não era fácil, não é? Ninguém queria nem ser visto contigo, Pintinho…
– Mas…
– Olha eu não zoava, não! Ficava com pena, mesmo… Era horrível o que falavam por trás de você! E era muito injusto, porque você não ficava sabendo… Mas agora os tempos são outros, Pintinho!
– Perá lá! Que negócio é esse de Pintinho?
– Sei lá os meninos que te chamavam assim. Pediam para não te dizer nada. Gente… Você nunca soube né? Tadinho… Aliás, é mesmo! Por que será que te chamavam de Pintinho, Luis Alfredo?
– Mas eu não tenho… Eu não sou Pintinho!!!!
– Gente, até a professora de matemática pedia para eu te evitar. Essa gente não tem sentimento!
– Quem?
– Não lembra da professora carrasco da sexta-série?
– A Professora Vânia????
– Aham! Ela mesma!
– Mas como assim, me evitar?
– Olha, eu nem levava a sério, Pintinho. Mas é que…
-Para de me chamar assim!
– Achava meio escárnio das meninas. Além do que aquele fedor todo era gazes. Todo mundo tem…
– Fedor?
- É! Por que você acha que nenhuma menina queria ficar contigo?
- Mas ficavam sim!
- Ficava nada, Pintinho!
- LUIS!!
- Tá , Luis… Então, lembra a festa surpresa da Carolzinha?
- Não.
- Das festas do pijama na casa de Búzios do pai da Luana?
-Não!
- E das festas da lingerie na casa da Kelly?
- Não…
- E quando agente fingia que ia fazer trabalho de grupo na biblioteca e se escondia lá no vestiário do ginásio para brincar de salada mista? Todo mundo chapadão… Todo mundo muito louco!!!
- NÃÃÃÃÃO!!!
- Pois é!
- Pois é o que?
- Ninguém te convidava, Pintinho!
- LUÍÍÍÍSSSS!!!
- Desculpa! Aí… Coitado! Nunca soube de nada…
Sua euforia minguara. Luis não podia acreditar. Era duro demais para o velho pegador do Audi Conversível Vermelho. Até a professora Vânia?! Nem o Marcelão-quebra-queixo lhe contara nada! Como seria de agora em diante? Destinado a lidar para sempre com às agruras do passado? E ainda que tudo estivesse mal explicado, Pintinho (perdão, Luis!) estava, de fato, desolado…
- Mas eu nunca soube de nada, Ana! Nunca ninguém me contou! Por quê? Por quê, meu Deus??
– É Pintinho… Vou te dizer uma coisa: o que é o ser humano…
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Daniel Marinho - http://curtacronicas.wordpress.com/2011/11/09/o-audi-do-pintinho/
Ooi... Sou eu a Alice... (kkk)
ResponderExcluirKarambaaa..... Seu blog é lindoooo... E vc tá perfeitta e deslumbrante nessa foto... kk
Tá de Parabéns viu...
Tia tbm A-D-O-R-O escrever o que me vem pela kbeça e o seu blog é maravilhoso...
Parabéns mais uma vez. De S2 (coração)kk
Bjs..... ;D