Do outro lado de onde ficam os teus olhos,
estão milhentos dos fios do teu cabelo,
à espera de uma das minhas mãos. Por isso,
param os meus olhos diante dos teus, como barco atracado,
desembarcando deles
coisas como o deslumbre e a fascinação.
O deslumbre, diferente dos outros, em
vez de me abrir a visão, aperta-a,
para que nela caiba, apenas e tão só, o teu rosto.
A fascinação, por seu lado, diferente das outras também,
em vez de seduzir deixa-se ser seduzida,
como em jeito de rendição doce, sem alternativa.
Teus olhos são, assim, a terra firme para os meus,
e lugar aonde vão, frequentemente, os meus sentidos,
como quem regressa a casa, vindo de viagem que magoa no peito.
Já a mão que se enche com o teu cabelo de nuca,
que se esgueira por um dos teus lados,
é uma fora da lei, enteia, sorrateira,
que rouba espaço entre os teus lábios e os meus.
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