Nas grandes e intensas catástrofes eu só preciso de mim mesmo, porque sobreviver é imperativo. É só nas pequenas dores desimportantes que eu preciso desesperadamente de outra pessoa. E é justamente nessas horinhas que o próximo se me nega, sem iras, muito menos neuras. Nega-me suavemente, como quem faz um favor idiota. Olho ao redor e vejo tsunamis de gentilezas quebrando-se muito antes do seu fim. Alegram-me os olhos, mas não molham sequer a pequena faixa de areia que separam meus pés do resto das águas. Território do Quase, país soberano nas fronteiras do meu destino, é nesta pequena faixa que o tempo abre suas fendas famintas. E tudo que quase me chega é ali engolido, eternizando-me expectativas nati-mortas. Estendo minha mão por sobre a fenda e deixo escorrer as justificativas do tipo "mea culpa", o impulso de ser compreensivo e tolerante cai por deslize, mas não me importo. E já que este caiu, assim, sem querer, atiro também o vício do perdão e a comichão do sempre e sempre tentar recomeçar. Olho de novo ao meu redor... cercado de gente por todos os lados, estou, como em todo temporal, eu comigo mesmo. Lost, a série de tv, me ensinou, eu não quis aprender: "VIVA JUNTO, MORRA SOZINHO".
Então afago-me.
E visto-me de planetas.
In: https://www.facebook.com/desassossegos.literarios
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