domingo, 31 de março de 2013


Cercado de morte por todos os lados
Sou um pedaço podre de algo que pulsa
Mas não vive, apenas pensa que pensa
Ilha deserta de mim mesmo
Pântano empoçado de rancores fétidos.

Condenado às dores de arrependimentos
Aos lamentos constantes de um mal
Localizado nos ossos do lembrar
Frustrações crônicas, repletas de infecção
De mágoas coaguladas, inchaços de culpa.

Feridas abertas na sutura cardíaca
Coração que pulsa ao ar livre
Que não me livra dos males nem das moscas
Sangria do ontem que distribui convulsões
Coloridas e repletas de espumas no hoje.

A máquina que apita. Meus batimentos caem
A enfermeira bêbada checa o soro. Vejo coisas
Funcionários de uma funerária vestem um cadáver
Na sala ao lado, mortos fazem uma roda e cantam
Estou no meio com algodões nas narinas

O pensar machuca
Olhar ao redor irrita os olhos
Falar não dá. Estou entubado pelo passado
Em coma pelo que foi
Sufocado por personagens suicidas

"De uma história que eu, até hoje não sei porquê, mantenho vivos".






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