Eu tenho pedaços grandes de mágoa pendurados em minhas roupas velhas e em pontos isolados do meu corpo doente. Tiras finas de uma melancolia inefável, fitas rasgadas que trazem em si, e em mim, a concentração absoluta das desgraças, a explosão colorida das catástrofes que têm nomes de mulheres mortas e o peso simbólico de pedaços moles de pontas de estrelas mordidas pelo desespero bestial das ansiedades que saem das garrafinhas cardíacas quando de uma desolação.
Retalhos de tragédias que são arrastados pela insistência mecânica dos meus passos que caminham descontroladamente e que fazem da minha andança um certificado físico da insistência doentia e da fascinação psicótica que sai da minha boca na forma poética de espumas brancas e que pintam de desespero tudo o que em mim tinha coragem.
Observo o vazio.
Vejo poesia no vácuo.
Toco os espaços desocupados com os dedos cortados dos meus aforismos.
Carinhosamente, corto esperanças em pedaços miúdos, como se fossem cubinhos, e rasgo a minha carne em cacos de vidro que protegem o objeto sagrado dos ciumentos e que despertam a fome e a sede de todos os meus paradoxos.
Sou imperfeito... nasci homem.
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